- guia de um ordinário vernáculo -


sábado, 17 de abril de 2010

...!

E de repente aquela necessidade maluca de escrever escrever e escrever se apoderou de mim. Agora não falarei só de amor, mas da estranha confusão em que me encontro. Nada relacionado a nada. É algo que está relacionado a tudo de minha vida e não está relacionado a nada de concreto. Eu estou cansado, e agora não é só um cansaço poético. É da alma. Não escrevo tanto por me encontrar em frente a essa floresta estranha e desorganizada que quer me envolver. Sinto-me como uma estátua que é envolvida pela eira pelas ervas e pelas intempéries. Como gosto de ouvir música, como eu gosto de pensar! Como eu gosto de minha vida e como fico tão insatisfeito com ela! Como detesto as atuações de certas pessoas e como atuo tão bem! Como desprezo uns e amo a outros! Como me acho o juiz do mundo o dono do mundo o homem capaz de cuspir e escarrar na cara de outros! Como me acho na posição de olhar com aquele olhar complacente e me achar mais afortunado só porque me foram confiados algumas moedas de ouro. Como me encho de uma cara lastimosa e gemo incessantemente ao receber a minha cruz nos meus ombros! Como detesto e como eu adoro. Como eu quero e não espero. Como eu não quero e como eu quero e como eu não sei o que fazer quando espero e não espero e como sinto vontade de tantas coisas e chega!

E não tente me entender!
Se nem eu me entendo, tenho a leve impressão de que você não será bem sucedido.

Preciso de um banho. Um banho que lave até o último átomo de minha alma. Que me faça lembrar muitas coisas e me faça esquecer tantas outras. Vou me conhecendo. Não! Estou me reconhecendo... Vou lendo minha alma como se ela fosse um livro em braile. E uma pessoa muito carinhosa vai guiando minha mão. E eu me incomodo. Não consigo compreender a ajuda dessa pessoa. Eu amo demasiadamente essa pessoa e essa pessoa ah essa pessoa me ama demasiadamente, mas... Eu não compreendo essa pessoa e essa pessoa me compreende tão bem. Essa pessoa me fascina por ser tão enormemente enorme e por ser essa pessoa. E como é tão enormemente enorme me faz ignorante. E como a ignorância fascina!

Olha, eu nem sei mais o que estou escrevendo.
Eu só sei que preciso de um banho.
Um banho que lave.
Lave minha alma até.
Até.
Até só Deus sabe onde.


17/04/2010

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