- guia de um ordinário vernáculo -


quarta-feira, 20 de junho de 2012

SAGRADO BILHETE


SAGRADO BILHETE

as poesias que eu repito são
as minhas verdadeiras orações.
as que não revelo ao papel e
ficam presas dentro de mim
são meus verdadeiros pedidos
de libertação.

aqui é lei marcial, é guerra,
não há bandeira de paz.
sou fruto dos saques das batalhas
e mesmo no silêncio minha voz
ecoa errada.

me insulto. me acho absurdo.
não há alma para prostituir.
seu mérito de me ter acolhido
há muito foi consumido pelas
loucuras da sua ira.

estou errado de achar que meus
aliados são meus inimigos e choro
pelo seu futuro solitário e mudo.

minhas orações são escritas
e empilhadas em bilhetes dobrados
e a minha diferença é que
não os enfio em fendas ocultas do
muro das lamentações:

jogo aos olhos despidos de vendas.
ao vento dos que podem entender.
me protejo com palavras vacilantes.

espero que Ele possa me defender.

20/06/2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

EXERCÍCIOS


EXERCÍCIOS

nunca fui tão não lembrança.
nunca fui tão cheio de reticências.
de pontos. De letras. Maiúsculas.
nunca fui tão cortante, forte, novo.
jovem. contente. calmo. transeunte.
silente. nunca fui tanto ser. presente.
ausente de outro eu. mim. erros de
mim. de ti. de tus e talvez do sempre
renitente. lembrete. poema que se
repete. nunca nunca nunca acaba.
vida. repetição. estrada sem final.
sem acabamento, sem o usual.
a rima, o fatal. nunca fui tão crente.
gemente. clemente. acostumado
com o que se sente.

nunca fui tão paralisado.
nunca fui tão alegria.
nunca fui tão impotente.

nunca me acostumei a jogar
o tal jogo do contente.

04/06/2012