- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM ALENTO

UM ALENTO

Ensinam aos pequenos que
as pessoas que morrem
viram estrelas.

Boa metáfora,
que esconde uma verdade
simples, calma, serena:

mães não morrem,
mães nos apertam no peito
(mesmo de longe)
e sorriem quando aprendemos
a andar sozinhos na vida.

Sua mãe soltou a sua mão
(talvez cedo demais?...),
mas torce para que você
aprenda a caminhar...

Aquela metáfora é linda, amigo,
mas revela-se falha:
mães não viram estrelas...

Mães são sóis,
são a expansão do universo infinito
que confundindo-se em milhões de constelações
de luz,

amam
distantes,
com amor maior.


14/10/2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SONOLÊNCIA II

SONOLÊNCIA

Meu mundo,
dentro de tudo,
te espera,
quem quer que sejas,
quando quer que venhas.

Minha vida
é consumida
pela poesia,
entre minhas idas
ela se sente
dividida,
entretida pelo canto
das divas.

Que poema chato,
nem tenho o que escrever,
mas não percebes que morro
de vontade que te ter?

Mentira, que mentira,
eu estou é com sono e
minha palavra não diz nada:
tenho até medo de chamar e você não vir.

Prazer,
meu nome é loucura.

- Prazer, Loucura.
Agora fecha os olhos e dorme.
Ela não virá.
Não agora.
Dorme...




11/10/2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E EU SINTO SAUDADES

E EU SINTO SAUDADES

Meu pai chegou e falou: “não se esconda”,
e então eu sorri, não me escondo, sinto
sei lá o que vindo de sei lá onde,
um sorriso e algumas certezas.

Fujo do amor inocente despido, nu simplesmente,
dos olhos que me perguntam muitas coisas que
não quero responder.

Corro, os olhos me seguem, não me acorrentam.
Corro, Ele me olha, me espera, minha rebeldia
sente imensas saudades do seu abraço e do seu
silêncio.

Crer.
Crer é a benção (ou a maldição) que me persegue.
Creio sem muitas escolhas.
Não quero crer, não tenho escolhas.
Creio.

Meu pai chegou e falou: “não se esconda”.
Não me escondo, pai:

Ele me vê.


01/10/2010