- guia de um ordinário vernáculo -


terça-feira, 20 de abril de 2010

EXPLICAÇÃO INTRODUTÓRIA

EXPLICAÇÃO INTRODUTÓRIA

I
Um anjo meio torto
(com a asa quebrada).

Um demônio rouco
(de tanto gritar aos céus e aos homens)

Um santo meio louco
(fortemente tentado a abandonar a luz)

Um monge meio santo
(destinado a aceitar e amar a luz)

Um verso tão doido,
um verso patético,
a nova poética!...
a poesia repetida,
a poesia quase falida...

II
Um maniqueísmo roto,
Um solto trovador, lindo pecador.
(um menino dois meninos três?)
um desejo um querer
um querer dois desejos
(a eterna descoberta,
o eterno advento...
novo tempo de esperança!
Será?
Algumas vezes... me canso.
Essa parusia que insiste em demorar...).
O sorriso melancólico do velho,
o gráfico constante, uniforme
então! a poesia a verdade a realidade o olhar
e o gráfico enlouquecido...

III
a necessidade de música
a necessidade de cicuta
a polêmica necessária
o viver Nele e o Ele em mim
a necessidade de viver
os temas repetidos
os temas tão repetidos
repetidos repetidos
idos idos...

IV
a poesia se repete, ó senhores,
porque no palco da alma, ó senhores,
a história se repete, ó senhores.

sim, senhores,
com atores diferentes, ó senhores!
mas se repete, ó senhores,
e não se curva
aos dominadores
aos cientistas
aos amputadores
aos dissecadores da poética nova da minha poética...

a história se repete, ó hermeneutas...
até a loucura e além dela!


20/04/2010

Querida Aimèe,
Esse poema fala de mim, mas estou dedicando-o a você. Seu crescimento e amadurecimento me proporcionam uma felicidade estonteante. A cada etapa que você vai vivendo, novas ideias sublimes surgem. Continue escrevendo, Aimèe. Você se encontra nas letras, se completa. E quando você se completa, eu me completo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

reflexões I

Estou com uma vontade bem minha. Uma vontade de começar a escrever coisas sem sentido pelo papel e depois entender que os rabiscos feitos são o maravilhoso contorno de minha alma. Vou elaborando poesias, aforismos, meditações... Tenho necessidade de (re)descobrir-me... E é exatamente por isso que escrevo.

Ah...
Eu e esse meu defeito (ou virtude, depende do seu humor) de ser loucamente apaixonado por mim mesmo!

19/04/2010

sábado, 17 de abril de 2010

...!

E de repente aquela necessidade maluca de escrever escrever e escrever se apoderou de mim. Agora não falarei só de amor, mas da estranha confusão em que me encontro. Nada relacionado a nada. É algo que está relacionado a tudo de minha vida e não está relacionado a nada de concreto. Eu estou cansado, e agora não é só um cansaço poético. É da alma. Não escrevo tanto por me encontrar em frente a essa floresta estranha e desorganizada que quer me envolver. Sinto-me como uma estátua que é envolvida pela eira pelas ervas e pelas intempéries. Como gosto de ouvir música, como eu gosto de pensar! Como eu gosto de minha vida e como fico tão insatisfeito com ela! Como detesto as atuações de certas pessoas e como atuo tão bem! Como desprezo uns e amo a outros! Como me acho o juiz do mundo o dono do mundo o homem capaz de cuspir e escarrar na cara de outros! Como me acho na posição de olhar com aquele olhar complacente e me achar mais afortunado só porque me foram confiados algumas moedas de ouro. Como me encho de uma cara lastimosa e gemo incessantemente ao receber a minha cruz nos meus ombros! Como detesto e como eu adoro. Como eu quero e não espero. Como eu não quero e como eu quero e como eu não sei o que fazer quando espero e não espero e como sinto vontade de tantas coisas e chega!

E não tente me entender!
Se nem eu me entendo, tenho a leve impressão de que você não será bem sucedido.

Preciso de um banho. Um banho que lave até o último átomo de minha alma. Que me faça lembrar muitas coisas e me faça esquecer tantas outras. Vou me conhecendo. Não! Estou me reconhecendo... Vou lendo minha alma como se ela fosse um livro em braile. E uma pessoa muito carinhosa vai guiando minha mão. E eu me incomodo. Não consigo compreender a ajuda dessa pessoa. Eu amo demasiadamente essa pessoa e essa pessoa ah essa pessoa me ama demasiadamente, mas... Eu não compreendo essa pessoa e essa pessoa me compreende tão bem. Essa pessoa me fascina por ser tão enormemente enorme e por ser essa pessoa. E como é tão enormemente enorme me faz ignorante. E como a ignorância fascina!

Olha, eu nem sei mais o que estou escrevendo.
Eu só sei que preciso de um banho.
Um banho que lave.
Lave minha alma até.
Até.
Até só Deus sabe onde.


17/04/2010