- guia de um ordinário vernáculo -


domingo, 12 de dezembro de 2010

MINHA CANTIGA DE SAUDADES

MINHA CANTIGA DE SAUDADES

A periódica melancolia chegou...
Talvez tarde demais, sim,
meio atrasada demais, assim,
ela anda meio ocupada
dominando tantos corações por aí...

A nostalgia chegou...
Talvez cedo demais, sim,
talvez forte demais, assim,
ela anda meio preocupada
em conquistar esse coração aqui...

A saudade virá, sim.
Virá e já veio me amar,
e de um jeito todo especial
me fará chorar pela falta
dos amigos e dos amores
que durante esse ano
me deixaram assim

feliz, feliz,
sim.


12/12/2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

V

V

Estou cansado,
estou desinteressado
de ser explícito,
de ser político,
de ser correto com você.

Acho graça.
Acho graça no jeito que você
acredita que não sente.

Acho graça no jeito que você
nega o que não deveria sentir,
mas sente.

Como é fácil fingir
(para não sofrer).
Como é fácil ignorar
(para não sentir).

Acho graça,
meu bem,
mas estou cansado
de esperar que você
perceba
o que deve ser percebido urgentemente.

Estou cansado,
estou desinteressado,
mas veja...

eu ainda estou apaixonado...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

IV

IV

Eu arquejo, sinto falta de ar,
uma doida vontade de gritar,
eu arquejo, dou uma volta,
volto já,
eu só queria brincar.

Eu arquejo, sinto falta de ar,
onde está você, vem me
acalmar,
eu anseio,
vem me abraçar,
me dá a mão, menina,
vem se apaixonar.

Eu arquejo,
grito a presença do ar,
é simples, querida,
é hora de tentar?
é hora de parar?

Sinto saudades, menina,
do que nunca vivemos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MEUS SUSSURROS

MEUS SUSSURROS

Hoje eu poderia até cantar.
E te gritar que me dê uma chance,
que me deixe gostar sem medo,
sem muitos desesperos,
sem precisar das aflições,
sem precisar das correções...

Eu poderia te gritar que
você fala coisas mais complicadas
que a mais confusa Esfinge,
que os enigmas que você começa
a propor ao meu coração me deixam
atarantado,
atrapalhado,
desordenado,
até meio apaixonado.

Mas eu te grito, meu bem,
que gosto de ser pequeno
quando estou com você,
que gosto de estar perdido
nesse labirinto
onde te acho a cada vez que me perco
e que fico feliz por poder gritar
(beijar)
que esse não é o último poema...

Esse é o terceiro de muitos...!


16/11/2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

VENTANIA

VENTANIA

Fechei os olhos
(profundo).
Caminhei
(soturno).

Me joguei
(bêbado).

E o vento uivante continua a me levar
para longe do fundo do meu abismo.

04/11/2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UM ALENTO

UM ALENTO

Ensinam aos pequenos que
as pessoas que morrem
viram estrelas.

Boa metáfora,
que esconde uma verdade
simples, calma, serena:

mães não morrem,
mães nos apertam no peito
(mesmo de longe)
e sorriem quando aprendemos
a andar sozinhos na vida.

Sua mãe soltou a sua mão
(talvez cedo demais?...),
mas torce para que você
aprenda a caminhar...

Aquela metáfora é linda, amigo,
mas revela-se falha:
mães não viram estrelas...

Mães são sóis,
são a expansão do universo infinito
que confundindo-se em milhões de constelações
de luz,

amam
distantes,
com amor maior.


14/10/2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SONOLÊNCIA II

SONOLÊNCIA

Meu mundo,
dentro de tudo,
te espera,
quem quer que sejas,
quando quer que venhas.

Minha vida
é consumida
pela poesia,
entre minhas idas
ela se sente
dividida,
entretida pelo canto
das divas.

Que poema chato,
nem tenho o que escrever,
mas não percebes que morro
de vontade que te ter?

Mentira, que mentira,
eu estou é com sono e
minha palavra não diz nada:
tenho até medo de chamar e você não vir.

Prazer,
meu nome é loucura.

- Prazer, Loucura.
Agora fecha os olhos e dorme.
Ela não virá.
Não agora.
Dorme...




11/10/2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E EU SINTO SAUDADES

E EU SINTO SAUDADES

Meu pai chegou e falou: “não se esconda”,
e então eu sorri, não me escondo, sinto
sei lá o que vindo de sei lá onde,
um sorriso e algumas certezas.

Fujo do amor inocente despido, nu simplesmente,
dos olhos que me perguntam muitas coisas que
não quero responder.

Corro, os olhos me seguem, não me acorrentam.
Corro, Ele me olha, me espera, minha rebeldia
sente imensas saudades do seu abraço e do seu
silêncio.

Crer.
Crer é a benção (ou a maldição) que me persegue.
Creio sem muitas escolhas.
Não quero crer, não tenho escolhas.
Creio.

Meu pai chegou e falou: “não se esconda”.
Não me escondo, pai:

Ele me vê.


01/10/2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DOMINE, AD QUEM IBIMUS?

DOMINE, AD QUEM IBIMUS?

Criança, criança minha!
Não se desesperes: tudo acabou!
O momento que tanto temias chegou!

Criança, criança minha!
Alegre-se!
Tudo começou, tudo acabou,
tudo se revelou, a verdade se desnudou!

Criança, porque choras?
A traição é o passatempo do leão...

Não chores, não temas,
foram anunciados os temores
guardados por tanto tempo no
teu coração...

Criança, criança minha!
Não chores se houve decepção...
O seu coração está limpo da corrupção,
a hipocrisia alheia não te pertence,
não fique preso ao chão.

Sei da dor,
sei da dor,
criança
minha,
mas não se afaste
do que é verdadeiro...

Sei, eu sei,
criança minha,
que pouca verdade há:
o joio é numeroso,
mas as trombetas estão esperando
o dia e a hora para tocarem...

Quem não te ouve,
quem te calunia,
quem não ouve meus avisos
de parusia,
esqueceu-se do início, criança minha...

O bom tempo, o bom combate,
o santo resgate, a melhor parte...
Eu não estou dormindo...

Por isso,
não temas,
não temas,
criança minha...

Afinal,
a verdade
te
liberta...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

HAVE FUN

HAVE FUN

Bom te ver, menina!
Bom te ver, querida!

Gosto de olhar seus medos,
seus desafios e receios,
seu (des)embaraço
em vencê-los...

Bom viver, menina!
Bom é ver, querida!

Ver que a casca se quebra,
a liberdade liberta,
o desejo desperta,
a felicidade te inquieta...

Bom é viver, querida!
Bom é ser, menina...

Bom é tentar (te) entender,
bom é saber (te) entender,
amiga,
bom é (te) fazer se entender,
te fazer pensar...

Vai ser você mesma,
sem desesperos...

Have fun, querida...
Viva la vida, Bellinha!

01/07/2010

sábado, 19 de junho de 2010

um poema pessimista

Há muito não escrevo
dessa forma tão livre e tão minha
uma escrita que é feita nesse lugar
onde tanta coisa se passou e tanta coisa
aconteceu.

Há muito não escrevo sobre você e sobre nós,
há muito não me sinto, há muito deixei de ser
aquela criatura melancólica e nostálgica que chora
chora
chora
a ausência e a falta da presença, a falta de uma palavra
- oh, como faz falta uma palavra! –
de um beijo amigo, de um beijo de mulher pra homem.

O desejo pulsa em mim, mulher, e a frustração pulsa em mim.
Sou o relicário de muitos sentimentos, de muitos olhares e pensamentos,
de muitas tentativas, de poucos sucessos, de muita espera, de muita espera,
um menino de muitas esperanças mas um homem de poucos atos.

Olha cá como anda o meu respirar: tão frágil,
como a vida pode se acabar num átimo!
Não entendes como posso tanto gostar da morte,
como posso amar o que não conheço e olha lá, eu te amo!

Quando de noite sinto o meu corpo se acender como
pira funerária, como monumento silencioso ao teu desaparecer
- ao teu nunca aparecer –
Não me vem a vontade de chorar que já me veio porque eu
já me acostumei com a falta de sua pessoa deitada na mesma
cama que eu.

Olha, mulher, sinto muito desejo em te ter,
em te possuir
de todas as formas que se possa possuir um coração
um corpo
uma alma,
mas eu quero que você entenda que eu escolhi o pessimismo.

É muito mais fácil dizer que não vou te ter.
Eu sou só de palavras, esses poemas mesmo de nada valem,
então eu te digo que não se deixe seduzir por palavras.

Você está longe, eu estou longe
há pouco dinheiro e pouca esperança

(e dizem que o Brasil não leva essa copa - uma lástima).

Então
esperemos nossa velhice chegar.


19/06/2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CONFITEOR

CONFITEOR

Se existem momentos difíceis na vida,
estou imerso nesse rio de preocupações.
Se existe o tempo da vontade de chorar,
mas o corpo não fornece lágrimas,
estou vivendo nesse limbo.


Estou com medo de avançar,
mas não posso retroceder.
Estou preso a esse chão
manchado de sangue e feito
de ossos, onde a rima não chega,
onde a poesia é brincadeira, é pura
lenda, esquecida, tomada pela eira.

A poesia é meu refúgio.
Meu subterfúgio,
meu ofício sujo,
meu confessionário aberto ao mundo:

digo toda a verdade, me abrindo nas letras,
me fechando em silhuetas, por dentro,
ficando perdido e nessa perdição eu me acho.

Esse não é o fim.
Esse não é o fim.

É o meu meio do caminho,
eu sou a minha própria pedra
e caio sobre ela:

tímidas lágrimas teimam em
me trair, abrindo sulcos profundos
na minha alma...

Oh!
Não fique muito impressionado!
Eu não sou sempre triste...

Mas é que a tristeza é o
meu grande caso de amor...



04/05/2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

EXPLICAÇÃO INTRODUTÓRIA

EXPLICAÇÃO INTRODUTÓRIA

I
Um anjo meio torto
(com a asa quebrada).

Um demônio rouco
(de tanto gritar aos céus e aos homens)

Um santo meio louco
(fortemente tentado a abandonar a luz)

Um monge meio santo
(destinado a aceitar e amar a luz)

Um verso tão doido,
um verso patético,
a nova poética!...
a poesia repetida,
a poesia quase falida...

II
Um maniqueísmo roto,
Um solto trovador, lindo pecador.
(um menino dois meninos três?)
um desejo um querer
um querer dois desejos
(a eterna descoberta,
o eterno advento...
novo tempo de esperança!
Será?
Algumas vezes... me canso.
Essa parusia que insiste em demorar...).
O sorriso melancólico do velho,
o gráfico constante, uniforme
então! a poesia a verdade a realidade o olhar
e o gráfico enlouquecido...

III
a necessidade de música
a necessidade de cicuta
a polêmica necessária
o viver Nele e o Ele em mim
a necessidade de viver
os temas repetidos
os temas tão repetidos
repetidos repetidos
idos idos...

IV
a poesia se repete, ó senhores,
porque no palco da alma, ó senhores,
a história se repete, ó senhores.

sim, senhores,
com atores diferentes, ó senhores!
mas se repete, ó senhores,
e não se curva
aos dominadores
aos cientistas
aos amputadores
aos dissecadores da poética nova da minha poética...

a história se repete, ó hermeneutas...
até a loucura e além dela!


20/04/2010

Querida Aimèe,
Esse poema fala de mim, mas estou dedicando-o a você. Seu crescimento e amadurecimento me proporcionam uma felicidade estonteante. A cada etapa que você vai vivendo, novas ideias sublimes surgem. Continue escrevendo, Aimèe. Você se encontra nas letras, se completa. E quando você se completa, eu me completo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

reflexões I

Estou com uma vontade bem minha. Uma vontade de começar a escrever coisas sem sentido pelo papel e depois entender que os rabiscos feitos são o maravilhoso contorno de minha alma. Vou elaborando poesias, aforismos, meditações... Tenho necessidade de (re)descobrir-me... E é exatamente por isso que escrevo.

Ah...
Eu e esse meu defeito (ou virtude, depende do seu humor) de ser loucamente apaixonado por mim mesmo!

19/04/2010

sábado, 17 de abril de 2010

...!

E de repente aquela necessidade maluca de escrever escrever e escrever se apoderou de mim. Agora não falarei só de amor, mas da estranha confusão em que me encontro. Nada relacionado a nada. É algo que está relacionado a tudo de minha vida e não está relacionado a nada de concreto. Eu estou cansado, e agora não é só um cansaço poético. É da alma. Não escrevo tanto por me encontrar em frente a essa floresta estranha e desorganizada que quer me envolver. Sinto-me como uma estátua que é envolvida pela eira pelas ervas e pelas intempéries. Como gosto de ouvir música, como eu gosto de pensar! Como eu gosto de minha vida e como fico tão insatisfeito com ela! Como detesto as atuações de certas pessoas e como atuo tão bem! Como desprezo uns e amo a outros! Como me acho o juiz do mundo o dono do mundo o homem capaz de cuspir e escarrar na cara de outros! Como me acho na posição de olhar com aquele olhar complacente e me achar mais afortunado só porque me foram confiados algumas moedas de ouro. Como me encho de uma cara lastimosa e gemo incessantemente ao receber a minha cruz nos meus ombros! Como detesto e como eu adoro. Como eu quero e não espero. Como eu não quero e como eu quero e como eu não sei o que fazer quando espero e não espero e como sinto vontade de tantas coisas e chega!

E não tente me entender!
Se nem eu me entendo, tenho a leve impressão de que você não será bem sucedido.

Preciso de um banho. Um banho que lave até o último átomo de minha alma. Que me faça lembrar muitas coisas e me faça esquecer tantas outras. Vou me conhecendo. Não! Estou me reconhecendo... Vou lendo minha alma como se ela fosse um livro em braile. E uma pessoa muito carinhosa vai guiando minha mão. E eu me incomodo. Não consigo compreender a ajuda dessa pessoa. Eu amo demasiadamente essa pessoa e essa pessoa ah essa pessoa me ama demasiadamente, mas... Eu não compreendo essa pessoa e essa pessoa me compreende tão bem. Essa pessoa me fascina por ser tão enormemente enorme e por ser essa pessoa. E como é tão enormemente enorme me faz ignorante. E como a ignorância fascina!

Olha, eu nem sei mais o que estou escrevendo.
Eu só sei que preciso de um banho.
Um banho que lave.
Lave minha alma até.
Até.
Até só Deus sabe onde.


17/04/2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

DO MEU REPETITIVO APELO AO SEU CORAÇÃO

DO MEU REPETITIVO APELO AO SEU CORAÇÃO

Seu erro!
Seu erro, ah, o seu erro,
é achar que a Finlândia é a solução
para o que (não) sente no coração.

Seu defeito,
ah, sim, seu defeito,
é não entender que eu preciso
sofrer e não-sofrer, que eu preciso
amar e bemamar, porque sempre repito
meus textos na louca parolagem da vida,

e sempre repito as metáforas nos velhos
saraus da nossa história, e o seu erro,
ah, o seu erro, é não entender o que quero
dizer quando escrevo.

Rasguei meus escrúpulos,
o ofício que me foi dado, renego,
a missão que me foi imposta, declino,
a minha vida abandono ao infinito e
não vivo não vivo
vivo esperando o dia a hora o minuto
da consumação, da confirmação, da exaltação
dos sonhos.

Sou frágil, sim.
E você, sim, você! escolheu cuidar de mim.
Não me deixe, enfim, achar que não
tenho você aqui.

Diga-me e repita-me e grite
que me ama
que me ama
que me ama.

Escreva-me.
Descreva-me.
Desenhe-me.
Entenda-me.
Encante-me.
Surpreenda-me.

Ame-me.


31/03/2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

SAUDADE

SAUDADE

O que me falta para ser feliz?
O que me impede de sentir e não-sentir?
O que me impede de ultrapassar as palavras,
a falta de minhas asas?

Oh, Deus, não me cansarei de me lamentar,
mesmo que o sol esteja alto e que pare
de chover, porque a opressão que sinto no
peito e nos olhos não tem outra causa:

Como amo!
Oh, céus, como amo!
E como esse amor é tão estranho!
Facilmente ferido, infinitamente incurável...

Que sorriso posso esboçar diante da impotência?
Nenhum. Mas talvez tente de novo amanhã.
Quando pararei de chorar a ausência?
Nunca. E talvez nem tente de novo amanhã.
Por que me é imposto esse duro sofrimento?
Não sei. E talvez nem pergunte amanhã,
nem depois de amanhã,
porque algumas perguntas foram feitas
para não terem resposta
e criarem um enorme vazio no peito de quem
ama.

terça-feira, 9 de março de 2010

SER-TE

SER-TE

Buscar-te.
Ter-te.
Sentir-te.
Amar-te.
Cantar-te.
Dançar-te.
Tocar-se.
Sonhar-te.
Beijar-te.
Ver-te.
Viver-te.
Degustar-te.
Digerir-te.
Percorrer-te
Acender-te.
Venerar-te.
Falar-te.
Esperar-te.
Esperar-te.
Muito esperar-te.
Surpreender-te.
Calar-me.
Ouvir-te.
(D)existir-me.
Existir-te.
Em silêncio
transformar-me.
Transformar-te.
Sermos unidos
dois olhos quatro olhos duas bocas dois narizes bilhões de células um só coração.
Sermos
unidos.
Um só.


9/03/2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

“QUE MEDO ALEGRE, O DE TE ESPERAR”

“QUE MEDO ALEGRE, O DE TE ESPERAR”*

Leia esse texto bem devagar. Leia esse texto bem baixinho. Leia com a sua alma. E se você gostar dele, mande um mensageiro de fumaça me avisar.

Começo essas linhas sem saber como chamar-te. Não posso escrever “meu amor” pois agora és amor de outro. Não posso escrever “petit” porque minha petit morreu... Enfim, decidi começar chamando-te de “menina” – embora já sejas mulher – pois como “minha menina” você ficou eternizada em mim.

Minha querida menina,
Como você bem sabe meus textos não tem propósito. Eu apenas obedeço às ordens do tirano do meu corpo, o coração. Escrevo em louvor ao seu aniversário, escrevo em louvor a Deus pela sua vida. Hoje você completa 16 anos. Encho-me de alegria, embora ainda sinta no fundo o ardor enlouquecedor da tristeza. Minha já não és, mas tampouco você é de outro. Você não pertence a ninguém: você se pertence. Você é sua, independe da vida ou dos sentimentos de terceiros. Você veio ser luz na escuridão dos que a buscam, você é serenidade na revolta dos que a cercam... Embora eu não seja um descodificador dos teus mistérios sempre me aventuro na loucura de tentar desvendar-te.
Deus é simples. Pergunto-me então: como Ele pode ter criado alguém que é um mar de mistérios? Paro um pouco e logo recebo a resposta transmitida por um serafim: você também é simples, você é paz, eu é que sou ineficiente na alegria de te entender.
Petit, você não morreu para mim. Você vive aqui todos os dias. Não há momento que eu não te reviva, que não pense na sua ausência. Vigio-te de longe, pois está distante o dia que deixarei você partir.
Desde o nosso provisório adeus (na vida, minha pequena, nada é definitivo) declinei (não por descaso, mas por opção à felicidade) a todos os poemas que seriam escritos para você através de minha caneta. É uma pena, pois você é a personificação de minha felicidade... Enfim, agora que vive nova história ainda liga para os versos desse tolo?
Entendo a sua felicidade e juro que não quero criar na sua alma alguma nostalgia. Vivo bem e quero que você esteja maravilhosamente feliz. O amor permanece de uma forma ou de outra: transfigura-se em saudade, mas continua o mesmo em sua essência.
Há muito que falar, mas já escrevi além da minha alma, minha menina profundamente querida, e esgoto-me de definições, de metáforas, de poesias... Só tenho o sentimento. Como fazer você se sentir amada? Sinta a magia das minhas linhas, ouça por alguns minutos as nossas músicas, permita-se me amar por um instante, volte no tempo e... Sinta. Sinta. Sinta o amor. Sinta...
Penso agora que o nosso elo é forte demais para desaparecer. Nossa verdadeira relação está alheia à realidade. Não importa se você está dançando com outro, ou se eu estou carente de alguém que dance comigo. O que importa é a metafísica do nosso amor. Somos imortais. Só nós dois existimos, no fundo, na alma. O resto, minha cara, é passageiro.
Enfim, minha menina: alegria! Alegria, minha pequena deusa, meu grande, meu único amor... Hoje, querida de minh’alma, só tenho uma coisa a gritar: que os anjos digam amém! Parabéns! Eu te amo! Saúde! Dinheiro! Amor! Felicidade! Alegria! Realização! Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo dezesseis vezes. Eu te quero trinta e duas vezes! Eu te espero sessenta e quatro vezes! Desejo sua felicidade infinitamente!
Parabéns, Petit. Até o próximo ano.

Eu estou aqui. Eu estou aqui.
Cuide de você,

Matheus M.

* Clarice Lispector.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

OS POEMAS SÃO PARA VOCÊ

OS POEMAS SÃO PARA VOCÊ

Em algum momento entre ontem e hoje
nós nos perdemos. Nossas mãos se soltaram
suadas e cansadas e caíram desanimadas
ao lado do corpo cansado, da mente suada

dos passos pequenos, da confusão dos pensamentos
que amamos e odiamos e não sabemos o que
pensar estamos na multidão perdidos sozinhos:
telepatia, antropofagia, coração carcomido, roído por

nossos vermes de estimação.
Oi! Oi! Onde está você?
Oi! Oi! Quero você, quero te ver!
Oi! Oi! Quer me conhecer?

E nós não nos ouvimos, mas também
temos que gritar e minha garganta dói.

Desculpe-me!
Desculpe-me!
Estou apaixonado pelo mundo,
seus sentidos, suas pessoas.
Quero tudo, não só você
quero só você e quero
o mundo todo você.

Tchau,
Tchau,
é necessário cantar!

Tchau,
Tchau,
preciso desesperadamente amar.


02/09/2009

sábado, 20 de fevereiro de 2010

PARADOXO

PARADOXO

Se diante desses sentimentos
(que em outros anos me dariam enorme sofrimento)
mantenho-me impassível a todo tempo,

e se entendo que o enorme amor que trago
aqui dentro está preso numa cela de mosteiro
sem, no entanto, se alterar, percebo que não

sofro por você por não ser possível amar
sem esperar, e se tua paixão já não existe,
e sendo inexistente concluo que não amo
por seres outra pessoa,
não a mesma de outrora,
não a mesma alma,
não a mesma essência,

entendo tudo diante dessa verdade ainda quente e sorrio tranqüilo pois o motivo disso tudo não decorre dos meus atos mas da sua falta de amor...!


20/02/2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cartas Errantes IV

http://asminhasbreguices.blogspot.com/2010/02/cartas-errantes-iii.html

Minha menina,

Se me permite, devo responder a sua carta pelo fim. Esses seus últimos parágrafos constituíram para mim uma verdadeira tábua de salvação. Estou constrangido de saber o quanto você me conhece. Tenho vontade de enquadrar o final de sua correspondência e colocá-la ao lado de minha cama, para que eu possa todos os dias me conhecer um pouco mais.

Não contei para ninguém os verdadeiros sofrimentos de minha alma, mas acho que você merece saber os motivos de minhas lágrimas: sim, o problema vem de meu coração, como sempre. Só que dessa vez, minha querida menina, ele superou todas as tempestades que já enfrentei nessa minha curta vida. A dor que senti não é comparável. Perdi a caprichosa do meu coração, a minha petit, meu amor maior. Enfim, depois de tal desilusão fica difícil viver, mas estou caminhando. Já não sinto dor, sinto apenas um grande vazio. Acho que estou deixando-a partir. Hoje estou melhor que ontem, amanhã estarei melhor que hoje... Como disse São Paulo: “o amor é paciente”. Espero, então.

Se agüentei firme no meio desse dilúvio de adagas afiadas foi por amor à vida, essa volúvel. “Morrer: que me importa? O diabo é deixar de viver!”, como exclamou Mário Quintana. Tenho esperanças no amanhã e fito o horizonte esperando um novo dia. Quem sabe ele não me trará sinais de fumaça vindos de uma nova alegria?
Mas deixemos de lado as reminiscências de um menino-velho e vamos ao seu delicioso sonho. Que narrativa fantástica! Tão complexa que precisei lê-la três vezes. Eu vivi e senti cada palavra em minha própria pele. Consigo me imaginar nesse seu sonho (belissimamente traduzido em palavras). Sinto a dor e hesitação dessa mulher. Diante de um novo caminho, o que fazer? Você, mais uma vez, consegue desvendar os mistérios da alma de forma brilhante. Qual o seu segredo para alcançar tal sucesso? Eu sou essa sua protagonista. Uma frase me chamou a atenção: “Carregaria a partir daquele dia a marca sutil, porém notável, das decisões tomadas cegamente”. Agora é a hora d’eu gritar feito um maníaco louco: “quem lhe contou minha vida? Quem lhe contou minha vida?!”.

Em determinado momento, na narrativa, a noite chega. A Noite Escura avança impiedosa. Diante de tal fenômeno repetimos a velha e costumeira pergunta: “o que fazer?”. Ela está determinada a continuar a andar. Eu também. Contudo, logo ela percebe que é difícil caminhar sozinha. É quase impossível progredir sem companhia. A solidão sufoca a alma, querida menina, e você entendeu isso como ninguém.
Apoiarei-me, enfim, nos meus amigos, na minha família, no meu Deus sempre presente. Com eles, é bem mais fácil caminhar... Mas, como você mesma diz, a história de sua pequenina aventureira não acabou. Para mim, esse final é tão digno que me enche de esperança. Aguardo o desfecho da história, pequena amiga. Mande-me logo.

Despeço-me com saudades,

E.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Cartas Errantes II

http://asminhasbreguices.blogspot.com/2010/02/cartas-errantes-o-inicio.html


Minha querida,
Devo confessar que ao ler sua carta eu ri e chorei. Ri por sermos tão iguais e chorei porque suas reflexões rápidas foram tão profundas que tocaram no âmago de minha alma dolorida. Isso deve parecer estranho, mas a verdade é que estou muito sensível por esses dias.
Passei o dia lendo e sofrendo. Sofrer é uma coisa muito ruim. Dá uma dor forte no peito, uma vontade de gritar, a respiração fica suspensa por um instante, o corpo todo se contrai e permaneço assim por uma eternidade... Aí então eu falo “ai!” e choro. Isso se repetiu várias vezes hoje, e estou cansado.
Então eu leio. Porque quando eu leio não existo mais para o mundo. Podem vir falar comigo e eu não vou ouvir. Amo ler deitado. Não sinto sono, muito pelo contrário: essa posição só me ajuda a entrar na história. Hoje li excessivamente “Cartas da prisão” de Frei Betto. É sobre o tempo da ditadura, um horror. Estou me sentindo um preso. Igual a ele. Ai, amiga, que vontade louca de chorar mais uma vez.
“Já é carnaval, cidade! Acorda pra ver!”. Uma amiga cantou essa frase para mim há alguns dias. Enquanto a cidade brinca e é feliz nessa festa loucamente animada, eu morro. Estou numa tristeza de morte e só ler me faz ficar bem. Ler me faz esquecer de mim mesmo. Estou fugindo de tudo que me faça pensar em mim. Por isso não ouço música. Música é sentir dor.
Meu dia foi doloroso, querida amiga, e agora tenho vontade de jogar essa carta pela janela para que o vento possa levá-la até você. Um desejo incontrolável de defenestração. Eu defenestro, tu defenestras, eles defenestram, e assim até a loucura.
Sabe por que me sinto tão à vontade para desabafar com você essas minhas dores da alma? Porque “a perspectiva de me comunicar com alguém assim, sem as barreiras criadas pela familiaridade, é tão excitante!”... Aqui, nessa carta, posso dizer que estou prestes a morrer, choro três vezes ao dia, grito de dor várias vezes por dia, tento não pensar em nada o dia todo. É pior que tortura.
Você apareceu na minha vida na hora certa, mas agora eu preciso ir dormir. Vou fazer um longo passeio nos sonhos. Amanhã o dia será vazio. Só precisarei trabalhar na quinta. “Já é carnaval, cidade!”.

Com amor,

E.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ÚLTIMOS

ÚLTIMOS

Sou um agonizante,
passei a noite em claro,
passei o dia gemendo
(e chorando: eis um vale
de lágrimas).

Tudo se repete.
Outra vez
me vejo nessa situação,
mas agora é novidade!
Nunca senti essa aflição...

A verdadeira dor não permite
muitos pensamentos.

E o poema se perde nas minhas
entranhas doloridas.

Como é triste, meu Deus, viver!

12/02/2010

ÁSPERO

ÁSPERO


Na madrugada
soa falso
o estrondo
que estou fazendo.

Essas horas distantes,
que não passam,
gotejantes,
afiam amolam retalham
as arestas do meu.

O seu é teu,
proletária,
e

a minha memória
em você
são os versos

- tão belos –

que já não acredito
que são meus.


12/02/2010

apelo.

pelo amor de Deus, alguém me arranque o coração!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

eu hoje pra sempre

Um homem sentado num banco de praça. As pessoas passam e nem olham. Mal sabem que estão perdendo um lindo espetáculo. E um espetáculo doloroso. O homem se levanta e muda de banco. Ele é uma peça de teatro. Ele é puro drama, é drama fino, drama de qualidade. Ele é uma peça de teatro. E as pessoas passam e nem olham.
Um coração esmagado num banco de praça. E um homem sentado olhando as pessoas que passam e não olham. Elas passam. E ele olha. Ele busca alguma coisa para se distrair. Ele precisa encher a cabeça com outras coisas. Agora ele olha para os carros que passam na avenida. Os carros passam e não olham para o drama que está sendo representado naquele homem silencioso. O homem-silêncio não deixa escapar um gemido. Antes ele sofria em cima dos telhados, ele gritava. Agora ele chora, ele chora manso, ele chora bem baixinho. Agora ele sabe que as coisas devem ser feitas bem devagar. A vida é breve e ele pede aos deuses que habitam o céu a e terra alguma consolação.
O homem sentado num banco de praça sofre de uma forma nova. Ele tenta pensar em outras coisas, ele pensa em outras coisas, mas quando ele lembra ele fala ai! Ele fala ai! porque dói. Dói tanto que faz até uma lágrima rolar e mais uma e mais uma e ninguém pode consolar. Amor é uma dor, é uma dor horrível. Como seria bom deixar de viver!
O homem sentado num banco de praça sou eu. As pessoas passam e nem olham. E eu dou graças a Deus por isso. Essa dor é minha, essa dor me fará crescer, essa dor me fará. Me fará. O quê? Sei lá. Só sei que ela me fará.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ESTRANHA CORRESPONDÊNCIA III

Esse conto começou em 26 de março de 2008 (http://caras-palidas.blogspot.com/2008/03/estranha-correspondncia.html), continuou em 26/07/2008 (http://caras-palidas.blogspot.com/2008/07/estranha-correspondncia-ii.html) e agora volta a ter uma sequência.
E então, ele precisava de uma resposta dela. A escritora Ticiana Kilpp a escreveu: http://leavingontheline.blogspot.com/2010/02/resposta-estranha-correspondencia.html. É o fim perfeito para esse conto.



ESTRANHA CORRESPONDÊNCIA III

Docinho,

Estou muito irritado. Muito. Você não sabe o quanto. Já faz mais de um ano desde a minha última carta. E o que você fez? O que você fez? Mandou rezar missas pela minha desgraçada alma? HAHAHA! Faz-me rir, amor, faz-me rir.
Saiba que eu só deixei você em paz por tanto tempo porque tenho pena de você. Você é tão burra em achar que essas minhas cartas são meras... Falsificações. Não adianta ir à igreja, não adianta ir ao centro espírita ou ao candomblé! Meu ódioamor é maior que tudo isso.
Cada vez que você se deita na cama com um homem, eu grito. Eu grito e o inferno todo ri. O inferno todo ri de mim. Até o Poderoso Chefão já sabe que tenho uma mulher e não sou capaz de atormentá-la. Tenho uma viúva que se deita com outros e eu não faço nada! Minha reputação está sendo destruída por você, viúva patética!...
Ah, meu amorzinho, minha queridinha... Isso não vai continuar assim, não vai MESMO. Eu te dei um longo descanso, resolvi tentar te deixar em paz. Mas eu voltarei. Eu te atormentarei com sussurros de amor. Gemidos inefáveis às três horas da madrugada... Eu te enlouquecerei, eu te farei implorar pela morte. Pela morte pequena. Pelo desfalecimento em minhas mãos macabras... Amo você, amorzinho.
Enfim, aqui tudo vai muito bem. Todos os dias chegam mais pessoas. Está quase superlotadomuitocheio. Depois do terremoto no Haiti isso aqui virou um inferno! Hahaha, meu senso de humor continua intacto.

Ardo por você nesse infernal calor,

Até.




05/02/2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

pequenos

I

É uma tortura viver.
Viver sem conhecer, sem provar,
sem olhar, sem beijar,
sem viver você, só sem.
Sem ser fogo, ser tocha, ser fósforo,
Sem guardar você. Nas mãos, na mente.
Nas dobras da alma.
No meu jeito.

II

Sem cuidar de você,
sem falar com você,
sem te amar, sem gritar,
nem pensar, sem nem.

III

É uma tortura te ver
em outras pessoas e ouvir meu coração
cantando inúmeras coisas.
Ardo. Aquele ardor no coração.
Você ardia. Ardo só, vela solitária.
Ao não te ter, não tenho.
Não.

IV

Roubaram-me a noite.
É uma tortura ser.
Vou deixar de morrer vou viver para o nada
e serei infinitamente eterno.
É viver em confusão sem correr e te ter nos dedos.
Você largou o novelo e agora estou perdido
perdido no labirinto.
No limbo.
No recinto.
Sinto o vôo.
E o ar. E simplesmente
não vivo plenamente.
E ignoro.
E vivo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Querida,

Querida,

O que fazer quando o desespero começa a fazer efeito? O coração se aperta de uma forma tamanha que a dor não é imaginável, o medo torna-se constante, a saudade é delirante: uma febre sempre alta sempre alta sempre alta.
Peço, suplico, eu grito. Mas seus ouvidos estão fechados seus olhos estão fechados sua boca está fechada.

Eu peço.

Eu grito.

Eu choro.

E pergunto a você: quem lhe ordenou a ficar insensível aos clamores meus? Alma minha deságua aos teus pés e você corre dela como pessoa que corre das ondas fracas do mar que morrem na areia de uma praia, você foge.

E eu...
E eu!
E eu.

E você, uma estátua fria e sem vida.
Olha, menina. Eu te chamei de ‘petit’ muitas vezes e você se derretia. Mas quando te chamo de ‘petit’ agora você vira o rosto para o outro lado.
Olha, olha como estou.
Você é má. É a única coisa que posso concluir.
Sabe,
Eu sofro agora e você não sofre.
Daqui a pouco sofrerás e eu rirei.
Porque estou aprendendo com você a ser mau. O vilão. Estou aprendendo com você o maniqueísmo. E pronto.
Eu quase que morri,
Mas vou sorrir! (porque as horas passam e os sentimentos não são eternos)





Olha só, já estou começando a sorrir.


29/01/2010

p.s.: você ainda não entendeu que quero te apagar da minha vida?
você foi apenas um sonho ruim.
acordei.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

recado

“Você acredita em anjos?” perguntaram-me uma vez.

“Como não acreditar” – respondi – “se tenho um anjo em minha vida, que guardou meus amores por muito tempo, cuidou delicadamente do meu coração e ao perceber que tinha me curado de minha prisão de dor entendeu o fim de sua missão e para longe voou, com um sorriso e um adeus...?”


22/01/2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

SONETO DA ARDÊNCIA IDEAL

SONETO DA ARDÊNCIA IDEAL

Enlouqueci totalmente quando te reconheci
nua nos meus sonhos, nua em meus braços,
braços alados e cansados e desejosos que são arautos
do incêndio do meu corpo, ah não resisto

te tenho em meus braços ardentes, necessito
do seu corpo quente sob/sobre o meu para
me deliciar e me acalmar e você é sereia é a
minha droga é o meu vício bom, ardência

infernal e celestial, é minha salvação, a perdição
do meu corpo, você é meus gemidos e um vago
ritmo e tudo isso é amor que delira na cama

e eu grito “ – Volte pra mim!” e você sorri, somos
loucos unidos juntos e tudo vem do coração não do
corpo e então eu acordo sozinho.


19/01/2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

HISTORINHA CASEIRA

HISTORINHA CASEIRA

Bastam-se.
Amam na solidão do nada,
sem antropologia,
no caipirismo de uma vida calma,
regada à sons antigos, naturais, rurais.

Bastam-se e amam e morrem
na solidão da mata, da casa,
da sala varrida, das visitas,
do dia que sempre vem
sem grandes pompas e
sem sensível pobreza.

Se bastam, se bastam, sozinhos,
à noite se completam quando se deitam
e em volta da cama colocam o mosquiteiro,
e a vaca muge e o corpo empapado de suor
exala um cheiro de família.

Sem complexos, se completam
porque tendo uma roça só deles
encontraram a verdadeira paz.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

MAIS UM DAQUELES TEXTOS

MAIS UM DAQUELES TEXTOS

É importante salientar que não estou sentindo nada nesse momento. Muitas pessoas enchem meus olhos com frases e gritam em meus ouvidos frases e enchem meu espírito de frases, mas estou insensível. Até aquela raiva surda desapareceu, desapareceu. Só ouço essa música e sinto calor. Você viaja. Você está estática. Sua estátua de concreto fincada no meu coração começa a desmoronar. Os pedaços caem no fundo de um precipício tão grande, tão imenso, tão grande tão grande.
Minha alma é quase um piano, minha alma é quase uma expressão de surpresa e de tristeza ao ver sua ingratidão. Não sofro. Não sinto. Mas tenho algo em minhas mãos que não é o tédio: é... É alguma coisa abstrata e sem sentido que me faz acelerar a vida diante das frases que me enchem a existência.
O leão dormita à sombra da árvore e o anjo desliza nos céus tentando obter o silêncio desse louco que se denomina coração. Mortifico-me para alcançar um bom sorriso, sou um grande lutador nas apelações dessa terra, carrego com cuidado as toneladas de meu sofrimento. E agora é a hora de você dar risada. Não sofro.
Simplesmente, na iminência de ver o trem partir, quase deixo cair uma lágrima. Mas antes que você volte seu rosto para mim eu já tirei o lenço branco de meu bolso e aceno animado ao ver a sua partida definitiva e adeus... adeus.. adeus.. adeus... adeus...



a curva.
(e perco a visão de você)


11/01/2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

para ser lembrado daqui uns 50 anos.

Cami, diz:
você sempre será um quintana da vida e eu um ginsberg (:

matheus diz:
porrs, me chamou de água com açucar
mentira
QUINTANA É FODS!

Cami, diz:
eu faço a revolução, mas sou lembrada por poucos UHAIUHUDHIUSHIUAHDUIHUIASHADAHSHDIJISJDIJAJSPAJPDOAJAOPDDA

matheus diz:
HAIUHAIOUAOIAUIAHUIAUIAUIHAUI

eu n fiz revolução mas expus minha alma de um jeito mais leve.
vc é mto AAAAAAAH, YOU WANT A REVOLUTION

Cami, diz:
NOWWWW
WE DONT NEED EDUCATION

matheus diz:
menos. menos

Cami, diz:
você é leveza e eu sou a ansia.

matheus diz:
oh, que bonito isso.



matheus e camila são loucos.

sábado, 2 de janeiro de 2010

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O silêncio que se apoderou
dos meus sentimentos tem nome:
incredulidade.

Diante de todos os olhares e
palavras tenho medo de não sei
o quê.

Um desejo infinito de ter vontade
de chorar ardentemente.

Cedo entendi muita coisa,
cedo amei demais,
cedo desejei seriedade quando a vida
me oferecia o riso,
tarde desejo rir quando me oferecem
em bandeja de prata o silêncio doloroso.

É a contagem regressiva!
O ano morreu!
E então esse louco pesar afunda na lágrima antiga de Matheus.
Os fogos brilham, é ano novo!
Nova contagem boa se inicia e deixando medos e tristezas sem base
para trás eu pulo e grito dizendo
que teu sou!


31/12/2009