- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

eu hoje pra sempre

Um homem sentado num banco de praça. As pessoas passam e nem olham. Mal sabem que estão perdendo um lindo espetáculo. E um espetáculo doloroso. O homem se levanta e muda de banco. Ele é uma peça de teatro. Ele é puro drama, é drama fino, drama de qualidade. Ele é uma peça de teatro. E as pessoas passam e nem olham.
Um coração esmagado num banco de praça. E um homem sentado olhando as pessoas que passam e não olham. Elas passam. E ele olha. Ele busca alguma coisa para se distrair. Ele precisa encher a cabeça com outras coisas. Agora ele olha para os carros que passam na avenida. Os carros passam e não olham para o drama que está sendo representado naquele homem silencioso. O homem-silêncio não deixa escapar um gemido. Antes ele sofria em cima dos telhados, ele gritava. Agora ele chora, ele chora manso, ele chora bem baixinho. Agora ele sabe que as coisas devem ser feitas bem devagar. A vida é breve e ele pede aos deuses que habitam o céu a e terra alguma consolação.
O homem sentado num banco de praça sofre de uma forma nova. Ele tenta pensar em outras coisas, ele pensa em outras coisas, mas quando ele lembra ele fala ai! Ele fala ai! porque dói. Dói tanto que faz até uma lágrima rolar e mais uma e mais uma e ninguém pode consolar. Amor é uma dor, é uma dor horrível. Como seria bom deixar de viver!
O homem sentado num banco de praça sou eu. As pessoas passam e nem olham. E eu dou graças a Deus por isso. Essa dor é minha, essa dor me fará crescer, essa dor me fará. Me fará. O quê? Sei lá. Só sei que ela me fará.

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