- guia de um ordinário vernáculo -


quarta-feira, 8 de junho de 2011

SÍNTESE ou SUBLIMINAR ou NOVA FORMA MINHA DE AMAR

SÍNTESE ou SUBLIMINAR ou NOVA FORMA MINHA DE AMAR

solar tempestade
que quebrou os ares
e revirou as pedras
e que apagou as velas
e nos empurrou para
um tumulto tumular
e atingiu (em desvio de reta)
minha saudade em tratamento
e em processo de decantação

– sendo que dela
não fui nem sou
rei capitão soldado
peão –

revelou-se como
oportunidade de calmaria
e de aquietar a gritaria
de plantar adubar esquecer
meus pés no chão

surpresa surpresa
pra mim
foi me ver
guerreando com
unhas dentes dedos e palavras
escravizando minha eloquência
ingrata (nata)
para que você(s) suspire(m)
em alívio
(a elysian peace)

mas me importei?
você se importou?
quem se ligou na
loucura dessa vasta
situação tão tão tão
estranha que até os
deuses se recolhem
nas praias abandonadas
gratos por já não serem
adorados e não precisarem
trabalhar para sanar o prejuízo
que um estranho causou?

surpresa surpresa
pra mim
foi querer sua felicidade
e odiar os mares
que invadem a tranquilidade
de uma história que não
diz respeito a quartos a quintos
a uns intrusos mesquinhos...

o que é verdade
é que cheguei na
maturidade
e entendi que sou
o quebra-mar
de um sertão
que não corre
riscos

não me importo
se não mais
me lês
ou se não me
darás nunca
a resposta que
anseio
(anseio e desejo mesmo?
será que me converti de fato
à religião da Espera?)

estou bem.
sentado. esperando.
recostado.
   manso.
esperando essa tempestade
de poeira baixar
o sol apagar
o teatro fechar
o impossível se completar:

dessa história
não sou
rei
capitão
soldado
ladrão
ou menino bonito

porque, meu bem,
fechei com você

meu

coração

08/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

meus recados

“Como a vida é louca
estúpida, mouca
e no entanto chama
a torrar-se em chama.”

Escrevo para você mil poemas e não mando nenhum. Te olhava e perfurava os seus olhos com meu desejo e meu querer, mas agora só te envolvo com o canto do olho. Interpreto e finjo efusividade, enceno felicidade.
Quero ser notado por você, quero pensar que você me olha e, sei lá, pensa no que foi no que é no que pode ser será? E quando falam algo que você ouve eu ouço e era como se eu falasse o que você não me deixa recitar no seu ouvido? Será que você entende e decifra a minha fala dita por outras línguas?
E no seu mundo, hein?
Não vou entrar explorar viajar no sentimento que eu sinto e que está como que suspenso gemendo querendo?
E eu, meu bem?
Que nunca acreditei nesses signos, olho horóscopo de jornal e sorrio quando nossos astrais imaginários se ligam se coligam se combinam e ficam lindos lado a lado: nem parecem inventados.
E a injustiça? Esse negócio que me deixa que nem um louco embrutecido. Enquanto eu penso, outro faz. Ai.
Vou me convencendo que a persistência é diferente da paciência, sendo esta maior ou igual àquela? Por quanto tempo ficarei em pé na chuva olhando para a janela do seu quarto?
Romantismo?
Não! Enterrei meu caixão de romântico e assumi o realismo dos dias que correm.
Mas essas palavras não dizem nada, especialmente nessa data, nessa hora, agora, onde nada que eu faça convencerá que talvez valha à pena se aventurar e se jogar no magma.

Eu escrevendo você: meu dia vira farra. Eu pensando em você: meu mundo nunca passa. Eu sem você: esse tempo que acaba.