- guia de um ordinário vernáculo -


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

IMPRESSÕES APÓS A QUEDA DE UMA PEDRA DE MOINHO

IMPRESSÕES APÓS A QUEDA DE UMA PEDRA DE MOINHO


Deveria eu gritar de felicidade e jorrar por aí
em cânticos de alegria, sorrindo e mentindo
que não sinto um ardor bem louco no peito?

Tenho vontade de não ter medo, mas quem foi
que te disse que isso é fácil?
Vou renascendo no milagre do abraço de Deus,
conhecendo a mim mesmo, estudando minha filosofia,
descartando minha própria teologia para abraçar o necessário,
o verdadeiro, o sussurro do Amor.

Deveria eu pular de felicidade.
E sinto que seria bem fácil fazer isso.
Mas agora quero ficar quieto,
sozinho e calado,
sem nada mais a dizer.

30/12/2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

VAI-SE VIVENDO

VAI-SE VIVENDO

Vai-se vivendo no escuro,
no choro escondido,
no beijo ressentido,
na raiva possuída,
no escárnio cuspido,
na lâmpada obtusa.

Vai-se vivendo com o tapa não dado,
o grito calado,
as verdades engolidas,
a dança fulminante,
o riso incessante.

Vai-se vivendo sem emoção,
sem amor, no calor do medo,
na monotonia, sem a beleza
do sobressalto, sem o simples tédio.

Vai-se crescendo com farpas enfiadas
nos dedos, nos olhos, na língua,
vai-se vivendo sem morte,
vai-se vivendo sem força
vai-se esvaindo em preces,
sem delongas, sem mentiras (mas sem verdades).

Vai-se vivendo.
Um dia após o outro acordando e dormindo.
Indo. Só indo. Indo e vindo.
Sem a emoção de abrir os olhos, contemplar o teto empoeirado e
sorrir.


16/12/2009

sábado, 28 de novembro de 2009

RECLAMAR DE BARRIGA CHEIA

RECLAMAR DE BARRIGA CHEIA

Então, eu me pergunto mais uma vez, qual é o sentido de tudo isso? Deixei de escrever, vou vivendo minha vida normal, no serviço no riso no choro no canto e vou vivendo, vou vivendo... Vou amando, vou sofrendo, mas qual é o sentido de um dia após o outro? Procuro no alto e acho, venho para cá e penso que não achei ainda. Que confusão é a minha mente, que confusão, que tristeza que me invade! Essas palavras que leio não são suficientes para suprir minha necessidade de amar. Não falo por metáfora. Falo diretamente. Pouco me importo, pouco me importo, ouviu? Mentira, me importo sim, você entende como eu quero continuar a caminhar? E quem me entende? Quem me ouve, quem pára suas atividades para me escutar, compreender, alegrar-se com meu riso e chorar com minhas lágrimas? Estou além de toda mediocridade que esse mundo, porco mundo, escolheu. E sou mal agradecido, porque tenho a você, tenho ele, tenho ela, tenho uma comitiva, tenho uma família, tenho o universo em expansão.
Você, você não atende aos meus apelos e sabe que eu te amo. Eu amo o mundo inteiro, eu amo todo mundo, eu amo eu amo, vou sair cantando e dançando pela rua. Que estranho eu sou. Sou doido. Sou especial. Estou esperando a sua declaração que ainda não veio. Tenho atitudes desesperadas, incapaz que sou de voar. Mas elas não vão me ajudar a criar asas. Ajude-me.
Acho que essas linhas são muito subjetivas. Não existe um sentido real para a compreensão que desenvolvo. O sentido de tudo isso é crescer, amar e bemamar. Amar loucamente, amar translucidamente, amar até o último suspiro, amar até o infinito e além dele! Amar.


28/11/2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

FINALMENTE: A VERDADE

FINALMENTE: A VERDADE

A sordidez que me domina, menina,
ao tratar da minha sina provém de outras
vidas, é o resultado de um amor muito
complicado.

Me pergunto o motivo, o porquê de
ter escolhido você para ser minha
querida, você que se faz tão longe mas
sinto tão perto mas continua, mesmo assim, longe.

As palavras tornam-me sedutor, amor,
sou cobra sussurrante, não acredite no
que sou, acredite no que sinto,

porque Deus pode me chamar, mas eu continuarei
a te amar, de longe, de perto, sonhando, vivendo,
juntando o mundo num poema de amor.


24/11/2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

desabafo.

porra!
eu estou aqui me sentindo péssimo, COMO EU QUERIA VOLTAR NO TEMPO para ter a ilusão que te carrego no colo. eu não presto, eu sei, mas preciso preciso preciso preciso desesperadamente da sua presença, da sua palavra, da sua marca na minha alma.

mas aí vem A Verdade e me diz àqueimaroupa:
"não pode"

não posso. agora já era.
tarde demais
boa noite

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PEQUENO BILHETE DEIXADO POR EDUARDO VILLAS – BOAS ANTES DE VIAJAR POR UM TEMPO

Eduardo Villas-Boas pediu que eu postasse isso aqui, e eu, como bom amigo, o farei (:

PEQUENO BILHETE DEIXADO POR EDUARDO VILLAS – BOAS ANTES DE VIAJAR POR UM TEMPO

Meu bem,

Estou sentado nessa cadeira olhando para esse mar tão bonito... Oh, que mar tão bonito. Eu gostaria imensamente de ter alguém me fazendo companhia agora, bebendo uma água gelada comigo e olhando esse mar tão bonito, esse mar imenso que domina a minha vista e me hipnotiza.
A areia está brincando comigo, está dançando comigo. Sinto vontade de respirar fundo, mas algo me impede de ser feliz. É uma coisa muito estranha, porque eu estou perfeitamente normal olhando para esse azul dono do mundo.
Falta você, meu bem. Falta você desesperadamente na minha pele, na minha carne, nos meus olhos, nos meus dedos, nas minhas conversas, nos meus sorrisos, nos meus sonhos, nos meus risos, nas minhas lágrimas; falta você nas minhas células, nos meus órgãos, na minha alma, nos risos das minhas rugas vindouras, na decomposição das minhas hipocrisias, na lacerante subida das minhas orações. Falta você em cada poro de minha existência e eu percebo que sou tão burro, tolo, idiota imbecil e estúpido deixei você ir, minha bela... Deixei você escorrer pelos meus dedos quando estava firmemente atada e amarrada à minha vida. Hoje você jogou fora sua bengala e anda por aí procurando algo/alguém para caminhar contigo, e eu estou sentado aqui, com muitas saudades de nossa vida e olhando para esse mar tão bonito que domina a vida domina o mundo me domina como só você fazia.
Continue andando, não olhes para trás! Eu só trago mágoas, VÁ SER FELIZ SEM MIM!

com amor,
Eduardo


18/11/2009

sábado, 14 de novembro de 2009

PEQUENA CONSTATAÇÃO II

PEQUENA CONSTATAÇÃO II

Os poetas são crianças exageradas,
são exagerados! Sou poeta e canto mais
do que ouço e sou um transloucado
bem doido e exagero e mesmo que falem
escrevo como quero e repito minhas metáforas
velhas, e quem quiser que pare de ler.

Escrevo muito mais do que vivo e minhas sílabas
são dons e que saudade de você e que pureza de (in) felicidade.

Ah!
Vou dançar com essa nova música que fiz.

Já lhe disseram que esses poetas vivem enamorados pela ilusão?
Sim, isso é verdade.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PEQUENA CONSTATAÇÃO

PEQUENA CONSTATAÇÃO

Hoje eu explodi porque te desejo
com o coração, a mente, a carne.
O coração quer te ter por inteiro,
a mente tenta dominar os anseios,
a carne quer satisfazer os desejos.

a carne, nessa vida, pode mais:
que posso eu fazer, menina dos meus olhos?

domingo, 8 de novembro de 2009

RISO LOUCO

Eu estava estudando química quando me deu vontade de ouvir música. Geralmente eu sempre obedeço a esses impulsos que nascem no mais profundo do meu ser. E comecei a ouvir músicas velhas, todas elas com algum significado especial em minha vida. Antigamente, quando eu escutava essas músicas, me sentia muito triste, saudosista, nostálgico, triste triste. Só que hoje eu não estou sentindo nada disso. Entendo que os tempos mudam e que eu mudei e que os ciclos que vivi se fecharam e agora estou em outro ciclo que vai se fechar e eu entrarei em outro e assim por diante, até o infinito, até a loucura.
Claro, sinto saudades dos meus amores, das minhas meninas, das minhas poesias, de um beijo ou de outro que nunca aconteceu, de uma cena, de um abraço, de uma pessoa e de uma multidão alucinada. Vivo no meu centro e as memórias passeiam vagamente ao meu redor em elipse. Eu rio de mim. Nada do que escrevo faz sentido, mas eu nunca pedi que alguma coisa em minha vida fizesse sentido. Sou fadado ao riso louco, ao riso doido. Ah, o riso, o riso.
Minhas memórias são minhas melhores amigas e eu me debruço sobre meus amores do passado. Olho os amores do presente. Não me sinto só. Mas alguma coisa saiu de mim. Estou completo, mas alguma coisa saiu de mim. Estou feliz, mas estaria transbordando uma felicidade infinitamente louca se não fosse fadado ao riso doido.

Transformei as personagens de minha mente em estátuas que preenchem em peso o saguão dos meus pensamentos. E agora espero a emoção final que abalará as estruturas de minha alma e que fará com que estátuas dancem e falem aos quatro cantos do mundo como eu sou louco.


8/11/2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PETIT FOLIE

PETIT FOLIE

Te emprestei minha saudade,
cuidado com ela,
cuidado com ela.

Te emprestei minha melancolia
Enquanto colhia sua vaga promessa de parusia.
Você demora para chegar, para voltar.
Nunca amará?

Sua falta
sua ausência
me deixa oh
me deixa ah
sou moderno parnasiano
sem ti não sou nada,
infelicidade apagada,
a luz nua que dança no nada,

cala-te minha bruxa inexistente,
você é feita de sementes que meu cérebro
pobre regurgita
ejacula nas nuvens que me envolvem
e parece que morro de saudade por você
ser simplesmente uma estranha sinapse
estranha

cuidado com ela
cuidado com ela

sábado, 31 de outubro de 2009

NOVOS LAÇOS

NOVOS LAÇOS

Deixo que você entre na minha
mente pelo céu, pela boca, pelos olhos
e entre os beijos e os abraços
nossa paixão se transfigura no toque

da pele, da carne. Somos vermelhos
e roxos somos todas as cores vivas
e sensuais nos sonhos e nos beijos e nas
conversas você é luz é cristal é multiplicação

de sentimentos, você é palavra e sensações
criadas e nascentes no querer. Aprendi a admirar
seus olhos, menina dos meus olhos, e quero

o toque da minha pele mais livremente
sobre a sua e mais laços entrelaçados:
nossa paixão se transfigura na alma.

29/10/2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O RISO DE DEUS

O RISO DE DEUS

Deus deve rir muito da gente.
Não um riso de escárnio: Ele é incapaz disso.
Mas deve rir um riso complacente, um riso de amor,
ternura.

Deus deve rir muito da gente.
Nós fingimos que entendemos muito Dele
e queremos sempre enjaulá-lo,
nós achamos que Ele está só nos altares,
preso nos sacrários,
achamos que Ele realmente se importa com dogmas
e com heresias.

Deus deve rir muito da gente,
essa gente que olha para cima e se
esquece de olhar para os irmãos,
essa gente que olha para cima e não
percebe que Deus está dentro de nós
e em todo lugar...
Nas células e nas pedras,
nas lágrimas e nos risos,
na beleza do comum,
no milagre de mais um dia.

Deus é tão simples!
Deus é vento simples,
gargalhada simples,
palavras simples,
simplesmente espírito.

Deus é tão simples!
Não nos afastemos disso...

Deus é livre e é simples,
Então porque diabos queremos complicá-lo tanto?
Não está preso em um ou em outro,
não vive nos livros...
Vive em nós...

Sim... Deus deve rir muito da gente
e é louco para nos abraçar...


21/10/2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

ISSO QUE ACONTECE TODOS OS DIAS

ISSO QUE ACONTECE TODOS OS DIAS
pois nada é o que parece ser.


Era uma vez um menino muito calado,
nunca cantava algo, era cheio de tato,
muito fechado, parado, mascarado.

Era uma vez uma menina falante,
sempre muito cantante, cantarolante, cheia
de vida dançante, muito pulante, poesia
saltitante, ela mesma.

Era uma vez os dois e nada os unia
e ela renegava suas paixões e ele vivia.
Só vivia, dormia, sumia
dentro de si.

E as risadas da menina
morriam na seriedade do menino.
Ele ereto, palavras baixas.
Ela movimento, gritava.

E um olhava para o outro,
quietos.
Rápidas conversas,
poucas palavras,
nenhum sentido,
nenhum sentimento.

E cada um vivia sua vida,
estradas que não se cruzavam,
iam distantes e se não fosse os
sonhos da menina teriam
morrido separadas.

E ela foi ficando inquieta,
com vergonha de olhá-lo e ele
foi percebendo os olhares que lhe
eram lançados e simplesmente
continuou vivendo.

As mãos não se tocavam,
as vozes não se embaraçavam,
amavam?

A paixão da menina foi
consumindo o dia, foi matando
as semanas e os meses eram
feridas mergulhadas em álcool,
ela se sentindo no topo da vida
morrendo lentamente e foi
amando, amando ah! meu deus
ela foi definhando olhando
sonhando morrendo sorrindo
chorando menino olhe para mim oh
por favor meu deus eu o quero e uma
vergonha e foi morrendo, morrendo...
morrendo...

E no topo do mundo se
jogou no abismo de si mesma
por causa do sumiço da felicidade,
e em plena queda arrancou o
coração e quando se desmembrou no
chão já estava morta e sua
alma tinha sumido nesse mundo,
triste mundo.

O menino soube da queda da menina,
mas simplesmente continuou a viver
calado, envergonhado da vida e desinteressado
das palavras ouvindo música e olhando.
Simples e manso.
Olhando, nunca assumindo sua quietude.
Olhando, vivendo, sumindo dentro de si,
e continuou vivendo.

E eu, o narrador dessa história, olhei por
muito tempo para os dois e no decorrer
dessa melancolia abandonei as rimas e olhei
para os dois.
Os dois mortos por dentro, metaforicamente
mortos mas que continuavam a andar a viver
a serem indiferentes à felicidade e ao amor
porque estavam mortos.

Quando o trem do amor passou
em suas vidas foram esquecidos na estação,
logo eles! que deveriam ter percorrido a
locomotiva de mãos dadas!

Desiludidos, lançaram seus bilhetes
ao vento e ninguém os apanhou.

9/10/2009


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

MINHA OPINIÃO SOBRE A PLATÉIA

MINHA OPINIÃO SOBRE A PLATÉIA

Meninos, multidão,
vocês ladram feito um cão
raivoso e gritante e chato que
nunca fica calado.
Observem os fatos e então fiquem
parados, seus gritos são o
dedo afiado que, apontado
para os outros, ferem o
próprio dono, ignorância profunda
dos idiotas que seguem a multidão
tosca, falta de tato.

Eu sou os outros que
servem de tiro ao alvo
para seus preconceitos,
sou o menino que pula
na cadeira e ouve risos,
que grita e ouve vaias,
que vence e ouve silvos
sibilos, ganidos, animais feridos.

Meninos!
Multidão humana ferida,
segue maria vai com as
outras, as outras, meninos,
multidão!

Chatos!
Vocês param o fado!
Alagam o charco,
sufocam os atos,
despersonalizam o papo,
a dança, o verso,
o teatro.

Engulam-se, pedras!
Não absorvem o sentido
e os fios de ouro que saem
dos corações das pessoas
e andam secos de sentidos,
gritam idéias falsas,
tão idiotas!

Meninos!
Meninas!
Multidão confusa,
confusão confusa,
pessoas confusas.

Chatos!
Continuem assim e no
acordar do caminho perceberão
que perderam irrevogavelmente
a chance de serem

ALADOS...


07/10/2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A CONCLUSÃO DE EU-BENTO SANTIAGO

A CONCLUSÃO DE EU-BENTO SANTIAGO

Você foi minha Capitu e é muito complicado
para mim entender que a você de hoje já
existia na minha menina-moça-mulher de ontem.
Você foi semente nas minhas danças. Sementes não
vivem para sempre, mas como eu queria ter esse poder!
Amo a idéia de amar te amar amar sempre amar, mas no momento presente
futuro passado para sempre tudo tudo tudo que resta são
as músicas as danças os olhares palavras lágrimas risos
e poemas repetidos.

Você foi minha Capitu, eu cumpri bem meu louco papel de louco você sedutora de minha vida você foi bem sedutora isso nunca vamos poder negar e eu escrevo assim rompendo todo o sentido do meu poema maluco e que não deveria ter sido escrito para mostrar que meus doidos pensamentos ainda são seus
(embora não sejam para sempre)

E agora, o que resta é
a poeira da estrada?

- Vamos ouvir música, rapaz!


30/09/2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O JOVEM

O JOVEM

O jovem acordou, acordou cedo e sem nenhuma vontade clara de viver. Acordou e ficou deitado na cama até o sol aparecer e jogar seus raios fortes e mal-educados bem nos olhos do jovem tolo. O jovem deitado na cama pensou na vida enquanto os raios queimavam de brincadeira as órbitas dos seus olhos vazios, janelas para uma alma vazia, uma alma vazia, alma. Pelo menos ele tinha alma e toda a vontade do mundo de morrer. Não que amasse a morte e visse que a vida era feia, não. O motivo para a apatia da vida desse jovem, esse jovem, esse jovem deitado e sendo cozinhado lentamente pelo malvado sol era exatamente a falta de motivos para ser feliz. Não. Não era infeliz, não pergunte isso! Mas, tampouco, não era feliz. Estava num meio termo branco, vazio, oculto, estava em cima do muro na vontade de atuar nessa peça ridícula que uns insistem em chamar de vida.
O jovem estava acordado e enrolado em milhões de lençóis e via seu quarto. Ainda era cedo, muito cedo, mas o sol já estava fazendo o seu fantástico trabalho. O sol é uma falácia, essa história de que o sol vai voltar outra vez (amanhã) é mera ilusão. ILUSÃO, a vida é movida a ilusão. Se não a tivéssemos – pensava o jovem deitado na cama afogando-se em lençóis – nos jogaríamos no louco caminho contrário à moral, moral. O sol vai voltar outra vez, ilusão. Vida, ilusão. O jovem deitado na cama, cansado. De nada. Nada.
O jovem levantou-se e suspirou fazendo o mundo acordar. O mundo acordou e era cego, muito cego, totalmente cedo e as pessoas viam muito pouco, viam tudo que uns queriam que elas vissem. É confuso, é confuso, o jovem sabe disso, mas onde ele estava mesmo? Ah, sim, sua vontade de viver, de viver, de vencer a opinião alheia de vencer a raiva de vencer a irritação de vencer a angustia, a inércia de vencer algo, algo, de galgar, galgar o quê? de vencer, de vencer nada, de simplesmente amar viver e amar a prosa e amar a poesia numa orgia literária, letargia sem vírgulas pontos acentos e onde ele estava mesmo?
De tempos em tempos o jovem acordava com a impressão de que não vivia sua vida, mas vivia mil vidas. Mil histórias passavam diariamente pelos seus olhos, olhos abertos que deixavam tudo entrar: felicidade, tristeza, tristeza, amor, e nada mais e tudo que o mundo possuía em suas enormes gigantes translúcidas mãos.
O jovem no banheiro a água escorrendo sobre seu corpo. Seu corpo gordo, seu corpo magro. O corpo de mil vidas, um corpo elástico que cabe todas as ilusões concretas do mundo. Não do mundo! Do universo! Não do universo! DO INFINITO. Pleonasmo.
Tenho tudo, tenho tudo – pensava o jovem – mas de onde vem essa vontade de jogar minha xícara de café pela janela até alguém morrer, morrer, gritar e depois calar? Repetição, repetição, rotina, e o jovem se deitou molhado na cama entre os lençóis sujos da noite. O jovem solitário, o jovem e o jovem, o jovem que vive só, mas tem por companhia mil vidas, sim.
O leite. O açúcar. O café. Só falta um cigarro. Um risinho irônico. Ele não é assim, é claro. É branco, é branco. Poxa. Poxa. E falta essa vontade de escrever a vida desse jovem, então vamos para o final das divagações da vida desse jovem por que nada que eu escreva vai fazer VOCÊ perceber como esse jovem é como esse jovem vive e por que esse jovem sente raiva de algumas pessoas e ama outras e não usa nenhuma vírgula.
O jovem tomando calmamente seu café da manhã percebeu apenas uma coisa muito clichê, cotidiana, uma coisa que lhe fez ter toda a felicidade do mundo:
A vida é bela por que é incompleta: o objetivo do jogo é você completá-la.
E o jovem dormiu.
Tudo, mentira, é claro. É tudo inventado. Forçado. Sinto muito.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

NENHUMA FALÁCIA

NENHUMA FALÁCIA

Não veio, querida.
Não irás apreciar a torre
de babel que é minha vida.
Sou desunificado,
meu cérebro é um caos
gostoso, fogoso, moroso.
Sou desejo de mãos e
células e átomos e
existência.

Não veio, baby.

Não vamos espantar
o universo colocando fogo
um no outro,
não vou percorrer terras
inexploradas.
Pobre exilado fingidor...
Chega a realmente acreditar
que sente amor.
Oh, vamos afastar essas moscas e todos riam desse pândego é um pândego olha ele!

Não veio, baby.

Vou te amar nas metáforas, oh sim.
Não te tenho nas mãos
mas no coração

querida
baby
não veio.


22/09/2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

LUXÚRIA

LUXÚRIA

Bebo-me, como-me, seduzo-me,
sou o meu próprio manjar,
sou meus olhos de fogo que
ouvem mais que deveriam
ouvir,
ouvidos que buscar ver mais
que deveriam ver.
Desnuda-se em minha mente,
eu próprio, vamos eu e eu
nos amar na ardente sala
do inferno:
luxúria.
Dissipo preconceitos, sou meu,
rapaz, muitos doidos que se
deitam sobre nada,
o mel que escorre sobre
a boca fechada, a pele
marcada na triste sala
do inferno, amada:
luxúria, amada...
Sem demônios não sou nada,
sou página conservada, raiva
controlada, o gemido orante,
amada...
É só sonho, amada.
Loucuras, amada.
E tudo é de verdade:
mentiras, amada,
inferno, amada.
Minha Luxúria é você nua em pelo, amada, Uma Leoa, amada, totalmente desengonçada, esparramada, dilacerada, doida, amada.

Inferno, amada.


09/09/2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

OS AMANTES ou O MANIFESTO DE EDUARDO E VALENTINA

OS AMANTES ou O MANIFESTO DE EDUARDO E VALENTINA

E. – Trancafiei-te em caixa de pandora, menina,
por ser fraco demais para suportar teus envolventes
mistérios. És quase igual à Helena linda e quente como
Mãe-Héstia e viras Afrodite e me faz balbuciar o céu
em sonhos onde dilacero o teu ventre. És carne, espírito
e sedução.

V. – Odeio-te por isso, covarde. Juro pelas águas do
Estige que não te quero longe de mim, embora o fogo
que vem de suas entranhas me transmita o odor do
vinho, dos gritos silenciosos que varam a madrugada
na minha noite solitária. Vem comigo, meu Aquiles,
deixa de ser tão Narciso!

E. – Adentra meu leito, Penélope, esquece teu bordado
(falho) de amor, vem praticá-lo com fervor em letras e
sonhos entre lençóis separados. Torna-se nua, minha
Psique, faz-me feliz em minha estadia no Hades!

V. – Meu Hércules, torna-te louco a cada dia e estrangula
minhas mitologias, minhas fantasias, as nostalgias. Vai
condenar-se e serve a Hera, trabalha para mim, ardente
fera, meu deus helênico, meu Paris, tão lindamente tosco,
meu Céfalo que vives como o coxo Hefesto. Teus trabalhos
em leito fazem estrelas e constelações nascerem no corpo
de tua Valentina, infeliz amante, sua Melpomene.

E. – Minha Cassandra, profetizas corretamente mas em
ti não acredito. Viver longe de tua performace, de sua mente
e de tuas palavras? Antes morrer, Calíope, submegir-me em
raiva de Poseidon. Oh, Calipso, amo-te tanto que não a dividirei.
Enlaço minhas mãos em teu pescoço e tento te lançar à doce
Coré, Persérfone do reino abençoado.

V. – Eduardo, meu Apolo, o que fazes? Onde está a tua santidade?
No panteão do Olímpo tu viveste como meu Zeus, tão meu e eu
tão sua... Agora sou jogada às Fúrias! As Parcas minha vida embaraçam,
desgraçam! Meu mundo cai lentamente! Desgraçado! Mata-me, mas
vingo-me fazendo-te igual a Prometeu!

E. – Morre, menina, desfalece tua sina em meus braços, descansa o
teu furor no meu abraço, experimenta a pequena morte através de
minhas mãos... Oh... Fala comigo, Érato! Repito meus juramentos
de amor eterno, minha Prócris! Oh, amor! Tua lira morreu, calou-se
a voz de Eurídice...

V. – Não... Não ainda, Orfeu macabro. Oh, meu prazer, meu
fenecer...

...

E. – Morreste, enfim, menina. Já não choro nem te igualo
às divindades. Cansei de mitologias e parto para o realismo
de Luidgi, meu naturalismo em teu pescoço arroxeado.
A alma do heterônimo compreende as tuas marcas, minha
necromancia. Vive no silêncio da tua tumba fria com teus
vermes, que eu continuarei a viver com outra musa!

(Entra a Verdade vestida de negro e na face rosada do cruel Eduardo, amante solitário, aplica uma severa bofetada)

V. – Eu sou bela, ridículo.
Cuspo-te e espanco-te.
Morre tu, infiel, para sempre.
Morrer é esquecer.
O mundo morreu para ti, morrestes
para o mundo.
Morre esquecido, ridículo, por que
não sabes o que o amanhã trará...

CAI O PANO


08/09/2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

AVISO

AVISO

Ridículos sentimentos:
retirem-se da minha vida,
da minha alma e do meu
coração.
Nada de verdade em poesia!
Louvemos a falsidade e a
mentira e vamos todos
reverenciar novos senhores:
viver causa males irreversíveis ao espírito.
Amém.


03/09/2009

MINHA DOR, VIDA NORMAL, DESABAFO-SAUDADE, DIA COMUM

MINHA DOR, VIDA NORMAL, DESABAFO-SAUDADE, DIA COMUM

Quando passo por esse corredor
cheio de vozes e murmúrios
ouço farpas que machucam
essa minha consciência desgastada.

Meu coração não é muito grande,
só vê o universo em seu fim e grita
que gosta de dor e é bom em fazer doer.

Eu passo pelos corredores que
murmuram contra mim, minha
alma é cheia de defeituosas sinapses
e grita que gosta de dor e é boa em fazer doer.

Eu existo porque é inevitável viver,
mas não fico por que necessito, só
estou de passagem, sou peça decorativa
que gosta de dor e é boa em fazer doer.

Eu só sou abraços estranhos que rasgam
muitas epidermes e que fazem olhos redondos
e normais chorarem lágrimas de sangue:
olhos que gostam de dor e são bons em fazer doer.

Ê, ê, ê, meu corpo nu e feio,
meu corpo nu e lindo,
meu corpo no frio, no fogo,
meu corpo na noite, no dia,
meu corpo e a dor e as assas (cortadas)
ê!

É vida, é dia, é noite, é aurora, é corpo!

Corpo que é alma e que gosta de dor

e
é bom
em fazer
doer.



02/09/2009

sábado, 29 de agosto de 2009

ESSAS MINHAS VERDADES IRRITANTES

ESSAS MINHAS VERDADES IRRITANTES

Você me conhece, sabe quem sou
sabe essas misérias da minha alma,
sabe que meus ossos são feitos de
vento, meu coração é de fogo e sou
incoerente, hipócrita, mas apaixonado,

covarde, mas dono de um amor
ardente e urgente, meus dedos dedilham
o seu coração e só você conhece
isso por que tudo é teu e suas mãos
voam pela terra para acalentar-me,

danço contigo ouvindo músicas que nos
deixam nus, sob a terra vermelha,
o sangue que desce pela boca, deuses que
se amam humanamente e só você pode
me entender por que tudo é teu.

Mas morremos separados e vivemos em
mundos diferentes e beijamos o ar e é necessário
cortar os caminhos, ir por estradas diferentes, mesmo
sendo tocha que arde de amor, por que o amor é
platônico, perfeito e difícil.

Ardentemente impossível.


29/08/2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

VALSINHA

VALSINHA

Nós dois em outro tempo e outro espaço valsando uma boa valsa.
Isso vai ficar na minha cabeça para sempre.
Meu coração sangra, meus olhos estão
mortos, eu só queria soltar essa
adaga que está na minha
mão, suja de sangue.
Isso partiu o seu
coração, o meu,
o que era um
agora é dois.
Ah, Deus!...
À Deus,
Adeus.
Nós dois em outro tempo e outro espaço valsando uma boa valsa.


26/08/2009

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RESULTADO DE ALGUMAS LÁGRIMAS

RESULTADO DE ALGUMAS LÁGRIMAS

Repetem que estou estranho, que estou estranho.
Repetem que estou irreconhecível, que estou irreconhecível.
E lágrimas caem dos meus olhos, dos meus olhos,
sinto-me absurdamente vazio e com uma necessidade

louca de calar diante dos gritos ridículos dos
meus tristes olhos, só ouço palavras muito
tristes, gritadas e sussurradas, uma grande confusão
em meio ao frio, uma, duas, mil lágrimas

mancham o papel e o desabafo da minha alma
não me transfiguram, as lágrimas não curam
só ouço gritos e choro sozinho sentindo que o

mundo desistiu de mim, só me resta andar e
andar sendo (tentando ser) feliz na infelicidade,
forte na saudade, sabendo que preciso amar.


19/08/2009

120...150...200 Km Por Hora

120...150...200 Km Por Hora
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos

As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa, o tempo passa
Estou a 130
As imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado, do meu mundo assombrado
De tristeza, de incerteza
Estou a 140
Fugindo de você

Eu vou voando pela vida sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo nem me fazer voltar
Vivo, fugindo, sem destino algum
Sigo caminhos que me levam a lugar nenhum

O ponteiro marca 150
Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima
Que começa a rolar no meu rosto
Estou a 160
Vou acender os faróis, já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão
A 180
Estou fugindo de você

Eu vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação
De ver você a meu lado
O banco está vazio
Estou só a 200 por hora
Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada

Vou sem saber pra onde nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes, às vezes sinto que o mundo se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda eu vou viver assim

Eu vou, vou voando pela vida
Sem querer chegar

http://www.youtube.com/watch?v=yjxB0o7ngrI

sábado, 8 de agosto de 2009

SONETO DA FRUSTRAÇÃO

SONETO DA FRUSTRAÇÃO

Estou triste, a raiva me consome, sou
puro fogo e meus olhos tornaram-se
úmidos diante de tanta frustração e
irritação que queimam minhas veias e

me fazem bailar no inferno das lágrimas
borbulhantes e quentes. Estou louco
e meu desejo insano é afogar-me
em luxúria e ira. Sinto-me capaz

de mover o mundo e logo sou
solitário, muito sozinho diante
das injustiças do mundo. Nenhuma

felicidade, beijos, que beijos? Nada
vai acontecer e de quem é a culpa?
Ah! A vida... A vida é assim mesmo!!!


8/08/2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O VELHO

O VELHO

O velho acordou dizendo que estava sentindo muito calor. Sentou-se em sua velha cadeira perto da janela e ficou olhando a cidade despertar de sua permanente sonolência. Só faltava um livro de poesia, mas ele não sabia qual escolher. Faltava também um café e um cigarro, mas ele não sabia onde achar nenhum dos dois. Tudo faltava na vida daquele velho. Ele estava sentindo um cheiro estranho. Um cheiro de corpo mal lavado. Um cheiro de corpo não lavado e perguntou aos céus de onde vinha aquele odor desagradável. E então ele percebeu que era ele mesmo e uma vontade louca de tomar banho apoderou-se de sua mente. Mas ele estava muito confortável ali, na cadeira perto da janela. Ele olhou para a rua calma e silenciosa e gritou. Um cachorro respondeu. Oh, que vida boa é a minha, pensou ele, só um cachorro responde a dor do meu peito. Ele suspirou e calou-se, porque sempre soube que a vida era isso mesmo. Na manhã dos seus oitenta e três anos ele gritou com esperança para Deus e um cachorro respondeu. Oh, como é triste essa vida, ele pensou mais uma vez. Ele estava fedendo e com fome, mas muito em paz ali na cadeira perto da janela. Não estava disposto a levantar-se dali para nada, nem mesmo para morrer. Talvez fosse morrer ali, e isso bastaria para ele. Sim, morrer no aniversário é uma coisa que todos desejam, não é mesmo? Especialmente ele, o velho fedido que estava completando oitenta e três anos de vida. E ele se pegou pensando a quanto tempo não trepava. Na realidade ele estava muito irritado naquele dia porque essa data sempre remete à nostalgia e a exames de consciência. E esse fedor que não o deixava em paz. Voltou a pensar há quanto tempo não transava. Ele não queria encarar a verdade e pensou em Deus. Deus é muito amigo, pensou. E lembrou-se que não foi à missa domingo e que ninguém devia ter sentindo a sua falta. Mas a vida é isso mesmo, pensou. Ele sabia que morreria ali, sentado na cadeira perto da janela e resolveu se levantar. Mas faltava coragem e uma boa oportunidade. Ninguém passava na rua e ele tentou olhar para o relógio. Acho que foi uma vã tentativa porque seu punho não obedeceu aos comandos do cérebro e não se levantou. Oh! E esse odor, esse fedor que atrapalha tudo. E a necessidade de se ouvir uma voz humana e essa necessidade de parar de sentir esse cheiro terrível de corpo mal lavado. Ele cheirava assim? Cheirou assim a vida inteira? E ninguém entendia essas necessidades de gritar repentinas que ele tinha. Ah, que raiva ele sentiu naquela hora. Ele precisava saber que horas eram! Alguém pode dizer? A raiva consumia o velho. O velho sozinho na sua cadeira perto da janela. O seu aniversário de oitenta e três anos passando e ele sozinho na janela. Acabou-se a paz e o mundo acabou e ele tinha uma grande necessidade de se irritar cada vez mais e tomar banho para não ouvir o que seus pensamentos diziam. A irritação se aproximava e ele não vai fechar a porta. Pare, pare, pare, que horrível! Que horrível! Esses pensamentos que nos seduzem a morte e a grande raiva que toma conta de todos os octogenários. Ah, então ele tomou a decisão de sua vida e levantou-se. Olhou para o relógio e eram 4:30 da manhã. E ele sozinho em casa, na vida, nesse tolo e porco universo. Ele se dirigiu ao banheiro, mas algo o dizia que esse cheiro vinha da alma e nem mil banhos iam fazê-lo desaparecer.

domingo, 2 de agosto de 2009

MEUS DELÍRIOS

MEUS DELÍRIOS

Está muito escuro e mal enxergo
meus dedos.
Olho a cidade ao redor. Chove.
Sinto-me um estranho dentro do
meu próprio corpo,
uns pensamentos que não são meus,
sensações que não são minhas.

Estou louco, penso.
Mas até meus pensamentos me deixam
inquieto. O que é realidade? Como
posso expressar essa complexidade de
minha mente?
Tenho a lembrança de mil anos
dentro de mim, sensações desconhecidas
que existem como um diagnóstico,
uma inscrição no túmulo.

Estou em silêncio, mas sinto a humanidade
gritar dentro da minha cabeça e lá fora
um pássaro canta, carros passam e eu
sozinho na janela.

Esse vento me acalma.
Sinto paz mesmo em meio ao tiroteio.

Está claro e nem eu me entendo,
mas quero abraçar alguém e dizer
que a vida é isso mesmo,
essa colcha de retalhos de
pensamentos e sentimentos que
não nos pertencem mas que
estão em nós: precisamos exorcizá-los.

O vento bateu uma porta.
Olho a cidade.
Estou no meio da multidão,
e me sinto muito em paz no
meio do tiroteio.

É tudo como deve ser,
eu sozinho na janela e pensamentos
de milhões de vidas no meu coração.
E me sinto muito em paz
em meio ao tiroteio.


31/07/2009

sábado, 25 de julho de 2009

SONETO DA INSEGURANÇA

SONETO DA INSEGURANÇA

Oh! Como é triste essa
vaga tristeza e ansiedade que sinto
ao pensar em ti! Que roucos
tormentos me fazem chorar de

desalento nesses dias tão claros
que vão passando, lentamente...
Estou perdido, enlouquecido no
labirinto sem saída, ninho de

amor com sarcásticos Minotauros
que me sugam para a sombra.
Sou Penumbra, esquiva, e busco o sol

(você) como um naufrago moribundo.
Oh! Como é triste essa minha insegurança,
mas como ela me une a ti!


14/07/2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

SOBRE ESSAS COISAS TODAS QUE SINTO HOJE

SOBRE ESSAS COISAS TODAS QUE SINTO HOJE

Caminhando nas ruas escuras,
de noite, não se encontra nada.
É tudo invenção, entenda isso, mentiras
de mentes ridículas e temerosas, que
acham que demônios andam travestidos
de humanos pobres, podres, pedintes loucos.

Caminhando nas ruas desertas
não se encontra nada.
Nenhum príncipe desse mundo ou
de outros mais sombrios, só o
frio de uma saudade muito teimosa,
idiota, anjo caído, doce morrer.

Essas loucuras, essas angústias,
o mundo dá voltas e eu
no meio dele, ridículo carrossel,
triste escarcéu, um caos nesses
corações.

E só a pena,
poetisa,
pode me fazer sorrir.

- Cronos continua devorando divindades.

É só esperar!...


08/06/2009

quarta-feira, 8 de julho de 2009

FALTA ALGO

FALTA ALGO

O caminho está vazio e não tenho
nada a declarar. A noite é branca
e não convida nenhum pensamento,
nenhum som invade de verdade

o meu coração. E eu continuo
como o tolo romântico incorrigível
que acha que todos os sentidos e
mentes e o mundo deságua no

coração. Coração não existe,
são apenas invenções, ilusões,
tantas ilusões e o mundo normal,

cruel e eu continuo a ser esse
tolo romântico incorrigível que não
escreve um poema sem se lembrar de amor.


8/07/2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

UM PASSEIO NOS SONHOS III


UM PASSEIO NOS SONHOS III
para flávia nosralla, sempre e sempre...

“O mar batia em meu peito, já não batia no
cais.

A rua acabou,
quede as árvores? a cidade sou eu

a cidade sou eu

sou eu a cidade

meu amor.”


(coração numeroso,
Carlos Drummond de
Andrade)


Foi aqui, e eu passeava pela rua de madrugada. Estava triste, bem triste: uma fina dor rasgou minha consciência e abafou meus pensamentos. Essa cidade onde todos os dias é carnaval estava quieta, deixou que eu andasse (cambaleante) pelos becos, pelos largos, pelas ladeiras... Eu ouvia um choro, um forte choro que não vinha de nenhum lugar. Que dor! Que dor fina! Que dor tão dolorosa!

Foi aqui, e nenhum carro atrapalhou o luar. Sentei-me nos degraus do cruzeiro duma igreja de ouro e esperei a violência dos meus sentimentos. Estava só! Tão magnificamente abandonado e imerso na solidão que não ouvi o ruído que cortou a noite: atrás de mim uma porta se abriu.

Demorei a criar coragem para olhar. Ouvia apenas uma música, um a música bonita, uma música quase divina. Lentamente fui virando-me sem sair do lugar, e quando meus olhos se fixaram na figura vestida de branco que estava sorrindo na porta da igreja a orquestra que existiu na praça, armada e preparada apenas para nós, começou a delirar.


Foram sons tão intensos que flutuei em sonhos até ela. E ouvi o tango, a valsa. Ouvi o samba, o pagode. Ouvi o funk, o bolero. Ouvi o rock, ouvi o jazz. Ouvi tudo e mais um pouco. Ouvi a harmonia e ouvi o silêncio. Tudo era meu, era dela: éramos de Deus e do mundo. Tocamo-nos na frente da igreja que derretia em ouro... E nos amamos intensamente apenas em olhares. Não existia dor, não existiam lágrimas, só eu e ela e Deus e o mundo e o nosso beijo. Então estávamos na beira do mar e a água salgada limpava os nossos pés.


As estrelas, a lua, o mar. Uma névoa atrapalhava a vista e nós simplesmente existíamos, cheios de amor e paixão, de danças nunca ensaiadas que agora eram desenhadas na areia da praia.
O vestido branco era brisa, seus cabelos o vento da minha vida. Meu único objetivo era beijar, tocar os lábios da minha deusa, musa jovem.
- Vamos andar, rapaz... – disse a menina-moça-mulher, com um meio sorriso. Mas eu segurei sua mão e a enlacei em meus braços, esses meus braços que cabem todo o amor do mundo.


Mas o sol foi nascendo e o nosso abraço apertado foi sumindo, desintegrando nas areias que voavam em torno de nós. Após instantes eu estava só, com a promessa de um “até breve” escrito na espuma do mar...

Voltei à cidade que amanhecia, agitada.
A cidade sou eu?
Eu? A cidade?
Ah! Meu amor!...



06 e 07 de julho de 2009

domingo, 28 de junho de 2009

tudo de novo outra vez.

é. o meu velho e companheiro blog Caras Pálidas [http://caras-palidas.blogspot.com/] aposentou-se após servir fielmente por longos tempos a minha pessoa. agora, seja bem vindo (a) ao meu novo blog, onde postarei poemas, textos ou coisas similares (:.

bienvenidos!


matheus