- guia de um ordinário vernáculo -


domingo, 2 de agosto de 2009

MEUS DELÍRIOS

MEUS DELÍRIOS

Está muito escuro e mal enxergo
meus dedos.
Olho a cidade ao redor. Chove.
Sinto-me um estranho dentro do
meu próprio corpo,
uns pensamentos que não são meus,
sensações que não são minhas.

Estou louco, penso.
Mas até meus pensamentos me deixam
inquieto. O que é realidade? Como
posso expressar essa complexidade de
minha mente?
Tenho a lembrança de mil anos
dentro de mim, sensações desconhecidas
que existem como um diagnóstico,
uma inscrição no túmulo.

Estou em silêncio, mas sinto a humanidade
gritar dentro da minha cabeça e lá fora
um pássaro canta, carros passam e eu
sozinho na janela.

Esse vento me acalma.
Sinto paz mesmo em meio ao tiroteio.

Está claro e nem eu me entendo,
mas quero abraçar alguém e dizer
que a vida é isso mesmo,
essa colcha de retalhos de
pensamentos e sentimentos que
não nos pertencem mas que
estão em nós: precisamos exorcizá-los.

O vento bateu uma porta.
Olho a cidade.
Estou no meio da multidão,
e me sinto muito em paz no
meio do tiroteio.

É tudo como deve ser,
eu sozinho na janela e pensamentos
de milhões de vidas no meu coração.
E me sinto muito em paz
em meio ao tiroteio.


31/07/2009

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