- guia de um ordinário vernáculo -


domingo, 8 de novembro de 2009

RISO LOUCO

Eu estava estudando química quando me deu vontade de ouvir música. Geralmente eu sempre obedeço a esses impulsos que nascem no mais profundo do meu ser. E comecei a ouvir músicas velhas, todas elas com algum significado especial em minha vida. Antigamente, quando eu escutava essas músicas, me sentia muito triste, saudosista, nostálgico, triste triste. Só que hoje eu não estou sentindo nada disso. Entendo que os tempos mudam e que eu mudei e que os ciclos que vivi se fecharam e agora estou em outro ciclo que vai se fechar e eu entrarei em outro e assim por diante, até o infinito, até a loucura.
Claro, sinto saudades dos meus amores, das minhas meninas, das minhas poesias, de um beijo ou de outro que nunca aconteceu, de uma cena, de um abraço, de uma pessoa e de uma multidão alucinada. Vivo no meu centro e as memórias passeiam vagamente ao meu redor em elipse. Eu rio de mim. Nada do que escrevo faz sentido, mas eu nunca pedi que alguma coisa em minha vida fizesse sentido. Sou fadado ao riso louco, ao riso doido. Ah, o riso, o riso.
Minhas memórias são minhas melhores amigas e eu me debruço sobre meus amores do passado. Olho os amores do presente. Não me sinto só. Mas alguma coisa saiu de mim. Estou completo, mas alguma coisa saiu de mim. Estou feliz, mas estaria transbordando uma felicidade infinitamente louca se não fosse fadado ao riso doido.

Transformei as personagens de minha mente em estátuas que preenchem em peso o saguão dos meus pensamentos. E agora espero a emoção final que abalará as estruturas de minha alma e que fará com que estátuas dancem e falem aos quatro cantos do mundo como eu sou louco.


8/11/2009

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