- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

pequenos

I

É uma tortura viver.
Viver sem conhecer, sem provar,
sem olhar, sem beijar,
sem viver você, só sem.
Sem ser fogo, ser tocha, ser fósforo,
Sem guardar você. Nas mãos, na mente.
Nas dobras da alma.
No meu jeito.

II

Sem cuidar de você,
sem falar com você,
sem te amar, sem gritar,
nem pensar, sem nem.

III

É uma tortura te ver
em outras pessoas e ouvir meu coração
cantando inúmeras coisas.
Ardo. Aquele ardor no coração.
Você ardia. Ardo só, vela solitária.
Ao não te ter, não tenho.
Não.

IV

Roubaram-me a noite.
É uma tortura ser.
Vou deixar de morrer vou viver para o nada
e serei infinitamente eterno.
É viver em confusão sem correr e te ter nos dedos.
Você largou o novelo e agora estou perdido
perdido no labirinto.
No limbo.
No recinto.
Sinto o vôo.
E o ar. E simplesmente
não vivo plenamente.
E ignoro.
E vivo.

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