- guia de um ordinário vernáculo -


sexta-feira, 14 de maio de 2010

CONFITEOR

CONFITEOR

Se existem momentos difíceis na vida,
estou imerso nesse rio de preocupações.
Se existe o tempo da vontade de chorar,
mas o corpo não fornece lágrimas,
estou vivendo nesse limbo.


Estou com medo de avançar,
mas não posso retroceder.
Estou preso a esse chão
manchado de sangue e feito
de ossos, onde a rima não chega,
onde a poesia é brincadeira, é pura
lenda, esquecida, tomada pela eira.

A poesia é meu refúgio.
Meu subterfúgio,
meu ofício sujo,
meu confessionário aberto ao mundo:

digo toda a verdade, me abrindo nas letras,
me fechando em silhuetas, por dentro,
ficando perdido e nessa perdição eu me acho.

Esse não é o fim.
Esse não é o fim.

É o meu meio do caminho,
eu sou a minha própria pedra
e caio sobre ela:

tímidas lágrimas teimam em
me trair, abrindo sulcos profundos
na minha alma...

Oh!
Não fique muito impressionado!
Eu não sou sempre triste...

Mas é que a tristeza é o
meu grande caso de amor...



04/05/2010

2 comentários:

Mikaelly Andrade. disse...

Ahh meu Deus, adoro ler coisas que pareçam que foi que escrevir...realmente fico maravilhada com essa ligação sem tá conectada.
"É o meu meio do caminho,
eu sou a minha própria pedra
e caio sobre ela:..."
Carlos Drummond De Andrade, meu parente disfarçado^^
"No meio do caminho
tinha uma pedra, tinha uma
pedra no meio do caminho..."

Camila Fraga disse...

oh, neném.

Postar um comentário