A CAMINHADA DO SOL
a areia fina presa
como diamante
entre os dedos tortos
o suor do trabalho pesado
de se livrar de um peso morto
o abandonar de um velho corpo
ampulheta cintilante e febril
o rastro de sangue
me embaraça ainda os olhos
mas pressinto a pele marmórea
lento na solenidade de sua funda
a sua voz é uma busca
pelo ar que trago na bilha seca
meu corpo de areia
indo de encontro ao novo
lento esperar
pelo morejar de uma montanha
que um dia reinou vulcão
e hoje dorme o sono do pejo
a paciência bíblica
dos cacos de jó
cintilam as minhas
cascas de pedra
nas mãos macias
que constroem
a biblioteca das águas.
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