- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 4 de março de 2010

“QUE MEDO ALEGRE, O DE TE ESPERAR”

“QUE MEDO ALEGRE, O DE TE ESPERAR”*

Leia esse texto bem devagar. Leia esse texto bem baixinho. Leia com a sua alma. E se você gostar dele, mande um mensageiro de fumaça me avisar.

Começo essas linhas sem saber como chamar-te. Não posso escrever “meu amor” pois agora és amor de outro. Não posso escrever “petit” porque minha petit morreu... Enfim, decidi começar chamando-te de “menina” – embora já sejas mulher – pois como “minha menina” você ficou eternizada em mim.

Minha querida menina,
Como você bem sabe meus textos não tem propósito. Eu apenas obedeço às ordens do tirano do meu corpo, o coração. Escrevo em louvor ao seu aniversário, escrevo em louvor a Deus pela sua vida. Hoje você completa 16 anos. Encho-me de alegria, embora ainda sinta no fundo o ardor enlouquecedor da tristeza. Minha já não és, mas tampouco você é de outro. Você não pertence a ninguém: você se pertence. Você é sua, independe da vida ou dos sentimentos de terceiros. Você veio ser luz na escuridão dos que a buscam, você é serenidade na revolta dos que a cercam... Embora eu não seja um descodificador dos teus mistérios sempre me aventuro na loucura de tentar desvendar-te.
Deus é simples. Pergunto-me então: como Ele pode ter criado alguém que é um mar de mistérios? Paro um pouco e logo recebo a resposta transmitida por um serafim: você também é simples, você é paz, eu é que sou ineficiente na alegria de te entender.
Petit, você não morreu para mim. Você vive aqui todos os dias. Não há momento que eu não te reviva, que não pense na sua ausência. Vigio-te de longe, pois está distante o dia que deixarei você partir.
Desde o nosso provisório adeus (na vida, minha pequena, nada é definitivo) declinei (não por descaso, mas por opção à felicidade) a todos os poemas que seriam escritos para você através de minha caneta. É uma pena, pois você é a personificação de minha felicidade... Enfim, agora que vive nova história ainda liga para os versos desse tolo?
Entendo a sua felicidade e juro que não quero criar na sua alma alguma nostalgia. Vivo bem e quero que você esteja maravilhosamente feliz. O amor permanece de uma forma ou de outra: transfigura-se em saudade, mas continua o mesmo em sua essência.
Há muito que falar, mas já escrevi além da minha alma, minha menina profundamente querida, e esgoto-me de definições, de metáforas, de poesias... Só tenho o sentimento. Como fazer você se sentir amada? Sinta a magia das minhas linhas, ouça por alguns minutos as nossas músicas, permita-se me amar por um instante, volte no tempo e... Sinta. Sinta. Sinta o amor. Sinta...
Penso agora que o nosso elo é forte demais para desaparecer. Nossa verdadeira relação está alheia à realidade. Não importa se você está dançando com outro, ou se eu estou carente de alguém que dance comigo. O que importa é a metafísica do nosso amor. Somos imortais. Só nós dois existimos, no fundo, na alma. O resto, minha cara, é passageiro.
Enfim, minha menina: alegria! Alegria, minha pequena deusa, meu grande, meu único amor... Hoje, querida de minh’alma, só tenho uma coisa a gritar: que os anjos digam amém! Parabéns! Eu te amo! Saúde! Dinheiro! Amor! Felicidade! Alegria! Realização! Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo dezesseis vezes. Eu te quero trinta e duas vezes! Eu te espero sessenta e quatro vezes! Desejo sua felicidade infinitamente!
Parabéns, Petit. Até o próximo ano.

Eu estou aqui. Eu estou aqui.
Cuide de você,

Matheus M.

* Clarice Lispector.

4 comentários:

Luidgi disse...

SOPHIE CALLE E O EX-MARIDO DELA MANDRAM LEMBRANÇASSSSS

Matheus Marques disse...

HAIUUIOAHUIOAAIOUAHIOAUIAUA, É GREGOIRE BOUILLIER!

Profª Carol Amary disse...

EI, TEM ALGO MEU AÍ! KKKKKKK

Artemis Martins disse...

POR UM INSTANTE DESEJEI SER PETIT...

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