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quarta-feira, 27 de abril de 2011

prosas rápidas

27/04/2011

Me definiram como metalinguista: quando não estou desesperando o meu impossível amor, estou falando sobre o fazer poético. No fundo, para mim, é tudo a mesma coisa: metafísica, metalinguagem, metapaixão. Drummond disse que não admite que se chame de poeta quem poetiza por dor de cotovelo. Olha, Drummond, meus poemas se confundem tanto com a dor, com o sofrimento e com o amor por um só motivo: minha vida é isso.

***
“Tenho direito ao grito”. Escrever é a minha forma de gritar. Não é a única, mas é a que eu mais gosto. Tô escrevendo para me entender e para me divulgar ao mundo. Me acham meio arrogante: talvez eu seja mesmo, mas não o sou por maldade. Só acho que a falsa modéstia é uma desnecessária interpretação para si mesmo. Escrevo para mim (gosto de minhas poesias, gosto do meu jeito) e para os outros. Sou confuso demais para me fechar em mim mesmo, por isso me torno interessante. Escrevo para dizer que gosto, que quero, que não tenho. Escrevo para não dizer nada, para dizer muito, para escoar o excesso de letras que se amontoam em minhas mãos. A escrita, para mim, já é uma Entidade. Sou dEla e Ela me governa. Discípulo (in)fiel, não passo um dia longe de seus ensinamentos: adoro me perder nesses caminhos.

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É uma situação muito engraçada. Uma amiga minha me disse que não sou volúvel: sou volátil. Gosto e desgosto com uma velocidade estonteante. Não aprovo isso, mas sou assim. E não me sinto leviano ou superficial ou culpado. Quando eu gosto, gosto profundamente e muito. De vez em quando caio nesse estado de profunda melancolia, numa tristeza e num silêncio que não são meus. Toda minha alma é a revelação do coração: fico mais velho do que sou, mais corcunda, um idoso precoce na precocidade de minha juventude (madura?). Tudo isso são sintomas da doença do calar. Quando escancaro as portas e as janelas e deixo o híbrido filhote do silêncio e da paixão saia, me sinto, por gloriosos segundos, mais moço. Não digo mais livre por que quem escolhe viver na incansável luta diária consigo mesmo não é livre nunca. Liberdade significa abrir mão, e eu ainda não sou austero desse jeito. Sou é doido por me contradizer todos os dias e me calar. Fico triste, mas Santa Tereza disse que tudo passa... Tereza, meu bem, “se tudo passa como se explica o amor que fica nessa parada”?
Hein?

3 comentários:

Fernanda Grimaldi disse...

Se quiser se definir, se defina. Se não quiser mais, se permita.
Grite, cale, goste, odeie, interprete, entenda, divulgue, desaprove, silencie, caia, levante, viva, ame...
Se perca, meu bem! Só não ao ponto de não se encontrar depois.

(E se for difícil se encontrar, eu te ajudo a procurar, tá?)

Te amo, sou sua fã nº2.

Profª Carol Amary disse...

Hahahahaha... Ia escrever mas nanda me desconcentrou: AINDA BEM QUE ELA SABE QUE É A FÃ Nº2! HUMPF! Hahahahahahaha...
Bem, eu ia dizendo que Drummond deve ter repensado o que ele disse à respeito dos poetas... Lá de onde ele estiver, com certeza, ele mudou de ideia...
amo-te!

DudA Frozen disse...

Arrepiante! Adoreeeeeeeei! E no final,Zeca! Lindo!

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