- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

CANÇÃO DO OUTRO


CANÇÃO DO OUTRO

minha angustia é só
a capa empoeirada da solidão.

lamento o passado de silêncio
e ansiava pelas mãos dadas.

cavalguei reinos e fui herói
e sem ninguém saber chorei
entre lençóis, mas venci e inimigos
frios caíram aos pés de mim.

hoje amo e tenho
mas medo dói e me calo
tranco minhas portas comportas
portais

penduro minhas tristezas em varais
e ninguém as vê
(só aqueles que forem ursos iguais
a mim):

leões.
mas nem tudo é silêncio
e há os gritos dos raios
de festas e fantasia

enquanto o meu eu
calado e fechado
dança em labaredas
de lembranças

e aguarda o ombro
o telefonema
o dizer a resposta
a dança:

essa burra
burra
burra esperança.


18/07/2012

2 comentários:

Unknown disse...

Muito lindo e calou-me a alma profundamente Mateus!Escreveu para mim...

Thaíse Santos disse...

O final, o final...Tchamramram...bastante condizente.

Postar um comentário