ESCARLATE
doeu no ardor do medo
todo homem que já amei,
mas ainda amo, e valente.
deus não me disse nada,
mas ainda me vejo escondido
na delícia caseira dos domingos.
a liberdade que me alcançaram
ainda tremula por acontecer
fogos azedos, indignidade silenciosa.
não é meu todo corpo despedaçado,
mas em mim existem as vozes
que precisam ser saltadas.
hoje me falam de orgulho, sub-reptícios,
e eu desconfio de alguma coisa,
beijando acalorado o meu amado.
percebendo as cicatrizes de viver, recentes,
contabilidade desse impotente ato de revolta,
vou esperando, tão viado, a justiça iridescente.