- guia de um ordinário vernáculo -


segunda-feira, 28 de junho de 2021

ESCARLATE

ESCARLATE 

doeu no ardor do medo
todo homem que já amei,
mas ainda amo, e valente.

deus não me disse nada,
mas ainda me vejo escondido
na delícia caseira dos domingos.

a liberdade que me alcançaram
ainda tremula por acontecer
fogos azedos, indignidade silenciosa.

não é meu todo corpo despedaçado,
mas em mim existem as vozes
que precisam ser saltadas.

hoje me falam de orgulho, sub-reptícios,
e eu desconfio de alguma coisa,
beijando acalorado o meu amado.

percebendo as cicatrizes de viver, recentes,
contabilidade desse impotente ato de revolta,
vou esperando, tão viado, a justiça iridescente.

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