- guia de um ordinário vernáculo -


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

ISSO QUE ACONTECE TODOS OS DIAS

ISSO QUE ACONTECE TODOS OS DIAS
pois nada é o que parece ser.


Era uma vez um menino muito calado,
nunca cantava algo, era cheio de tato,
muito fechado, parado, mascarado.

Era uma vez uma menina falante,
sempre muito cantante, cantarolante, cheia
de vida dançante, muito pulante, poesia
saltitante, ela mesma.

Era uma vez os dois e nada os unia
e ela renegava suas paixões e ele vivia.
Só vivia, dormia, sumia
dentro de si.

E as risadas da menina
morriam na seriedade do menino.
Ele ereto, palavras baixas.
Ela movimento, gritava.

E um olhava para o outro,
quietos.
Rápidas conversas,
poucas palavras,
nenhum sentido,
nenhum sentimento.

E cada um vivia sua vida,
estradas que não se cruzavam,
iam distantes e se não fosse os
sonhos da menina teriam
morrido separadas.

E ela foi ficando inquieta,
com vergonha de olhá-lo e ele
foi percebendo os olhares que lhe
eram lançados e simplesmente
continuou vivendo.

As mãos não se tocavam,
as vozes não se embaraçavam,
amavam?

A paixão da menina foi
consumindo o dia, foi matando
as semanas e os meses eram
feridas mergulhadas em álcool,
ela se sentindo no topo da vida
morrendo lentamente e foi
amando, amando ah! meu deus
ela foi definhando olhando
sonhando morrendo sorrindo
chorando menino olhe para mim oh
por favor meu deus eu o quero e uma
vergonha e foi morrendo, morrendo...
morrendo...

E no topo do mundo se
jogou no abismo de si mesma
por causa do sumiço da felicidade,
e em plena queda arrancou o
coração e quando se desmembrou no
chão já estava morta e sua
alma tinha sumido nesse mundo,
triste mundo.

O menino soube da queda da menina,
mas simplesmente continuou a viver
calado, envergonhado da vida e desinteressado
das palavras ouvindo música e olhando.
Simples e manso.
Olhando, nunca assumindo sua quietude.
Olhando, vivendo, sumindo dentro de si,
e continuou vivendo.

E eu, o narrador dessa história, olhei por
muito tempo para os dois e no decorrer
dessa melancolia abandonei as rimas e olhei
para os dois.
Os dois mortos por dentro, metaforicamente
mortos mas que continuavam a andar a viver
a serem indiferentes à felicidade e ao amor
porque estavam mortos.

Quando o trem do amor passou
em suas vidas foram esquecidos na estação,
logo eles! que deveriam ter percorrido a
locomotiva de mãos dadas!

Desiludidos, lançaram seus bilhetes
ao vento e ninguém os apanhou.

9/10/2009


2 comentários:

Luidgi disse...

Os versos me lembram o beat, sei lá, essa coisa meio rápida e com pouca pontuação. Eu gostei disso, mas não gostei da história. É confusa e tal, e isso é bom porque sentimentos são confusos, mas sei lá. Acho que tô muito sensível esses dias, mas eu gostei.

Isa disse...

Meio triste, mas bem legal xD

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