- guia de um ordinário vernáculo -


quinta-feira, 24 de maio de 2012

DO TEATRO

DO TEATRO


antônia, ele quer fazer teatro. que você não deixe. depois se perde e vira um desses. vê, vira um desses, deus é mais. acho que foi aquele professor que deixou ele assim, com as ideias doidas. meio assim, não sendo. meio deslocado. foi o teatro, certeza. pode ter certeza. antônia, não deixa esse menino fazer teatro, antônia. não vê que depois vira um desses e depois adeus, se perde sendo mais um vagabundo por aí? depois, antônia, vão dizer que a culpa é sua. e que vergonha não vai ser, hein? que vergonha, antônia, pra nossa família! se seu filho der pra ser desses. atores. e... ai, não quero nem pensar, que tristeza pra um pai, pra uma mãe. ai, antônia, minha filha! eu te dei uma boa educação, antônia, educa esse menino! vai que ele toma gosto e acha bonito viver de ar, antônia. ele já é estranho, antônia. ele gosta de poesia. dá juízo, educa, limita! antônia!

ele quer fazer teatro, antônia!

não deixa
esse menino
se libertar.

 não deixa ele pensar, antônia.



não deixa.

ele
s   a   l   t   a   r   !

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